Após o presidente chinês, Xi Jinping, conhecido por ser “um grande adepto de futebol”, ter ascendido ao poder, em 2013, a China decretou um “plano de reforma” da modalidade, visando converter o país numa potência futebolística.
Seguindo este ‘plano’, os principais grupos chineses, privados e estatais, responderam às ambições de Xi, comprando participações em clubes na China, que têm pagado transferências milionárias, mas também na Europa.
Por exemplo, em janeiro de 2015, o consórcio Wanda Group, cujo presidente, Wang Jianlin, é considerado o homem mais rico da China e está filiado no Partido Comunista chinês desde 1996, adquiriu 20% do clube espanhol Atlético de Madrid.
Este negócio, avaliado em 45 milhões de euros (ME), foi o primeiro realizado por uma empresa da China continental num grande clube da Europa.
Em Inglaterra, o consórcio China Media Capital pagou 375 ME por uma participação de 13% no Manchester City, dois meses após Xi ter visitado as instalações do clube.
Li Ruigang, o presidente do grupo, disse na altura que um dos principais objetivos era adquirir experiência e conhecimento que possam ser usados na indústria do desporto na China.
No ano passado, também o Aston Villa, despromovido ao segundo escalão, passou a ser detido por um empresário chinês. Tony Xia pagou 90 ME pela totalidade do clube.
Em Espanha, o fabricante chinês de carros em miniatura Rastar Group, cujo fundador é o bilionário Chen Yasheng, adquiriu 54% do Espanyol de Barcelona.
O histórico clube italiano Inter Milão foi comprado no verão passado pelo grupo chinês Suning, especializado no retalho de eletrodomésticos, por 270 ME.
O AC Milan, outro gigante de Milão, deve também ser vendido a um consórcio chinês, o Sino-Europe Sports Investment Management Changxing, numa operação avaliada em 740 ME.
O negócio, já confirmado pelo antigo primeiro-ministro italiano e presidente dos ‘rossoneri’ Silvio Berlusconi, “está pendente da autorização das autoridades chinesas”, e prevê ainda um investimento mínimo de 350 ME em reforços durante as próximas três épocas.
Em França, o Lyon oficializou no mês passado a venda de 20% do seu capital ao fundo chinês IDG, por 100 ME.
A entrada do grupo no capital do Lyon prevê a construção de escolas de futebol na China, com formações dirigidas pelos treinadores do clube francês.
Os investimentos chineses na Europa do futebol incluem ainda os setores dos direitos de transmissão e patrocínios.
Em novembro passado, por exemplo, o grupo Suning comprou os direitos de transmissão da Liga inglesa para a China, por um período de três anos, por 620 ME.
Já em Portugal, a II Liga é desde o ano passado patrocinada pela Ledman, firma com sede em Shenzhen, no sul do país.
Em declarações à agência Lusa, na altura da assinatura do acordo, o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença, considerou que, “neste momento, é na China que existe negócio, indústria e grandes investimentos”.
“O mercado europeu, nomeadamente o português, está esgotado, está no limite (…) é preciso encontrar acordos e parceiros em mercados alternativos”, disse Proença, durante uma visita a Xangai, a “capital” económica da China, no verão passado.
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