“Eles não sabem, nem sonham /que o sonho comanda a vida /que sempre que um homem sonha / o mundo pula e avança / como bola colorida / entre as mãos de uma criança.”
Assim termina o poema Pedra Filosofal de António Gedeão, da obra 'Movimento Perpétuo'.
Cristiano Ronaldo era uma criança de 12 anos quando vestiu, em 1997, pela primeira vez, a camisola do Sporting Clube de Portugal, vindo do Nacional da Madeira. Em Alvalade, depois do trajeto que o levou das camadas jovens à equipa B, com 17 anos e o número 28 nas costas, orientado por Laszlo Boloni, estreou-se a marcar diante do Moreirense na sexta jornada da época 2002-2003. Jogou uma época no plantel principal, fez 31 jogos oficiais e marcou cinco golos.
Ronaldo – que quando saiu da Madeira disse à mãe queria “tentar o sonho” de ser o melhor jogador do mundo – vivia realmente o sonho de qualquer criança portuguesa que escolhe o futebol como modo de vida: jogava no plantel principal de um dos “grandes” antes de atingir a maioridade.
Na noite de inauguração do Estádio Alvalade XXI, a 6 de agosto de 2003, deslumbrou SirAlex Ferguson, treinador do Manchester United, e os sonhos elevaram-se mais alto. Com 18 anos viaja para Manchester e, ato contínuo, entra no “Teatro dos Sonhos” de Old Trafford. Vestirá nos seis anos seguintes a camisola sete dos Red Devils, número que outrora pertencera George Best, Éric Cantona e David Beckham.
Para os adeptos leoninos, aquele que viria a tornar-se o maior símbolo da formação leonina, mais não é do que, a partir de então, uma mera recordação de fintas que podem ser descarregadas na internet.
Golo na baliza norte no primeiro regresso a Alvalade
Vestido com a camisola vermelha de Manchester, Ronaldo regressa a Alvalade a 19 de setembro de 2007 na jornada inaugural do Grupo F da Liga dos Campeões. Marca aos 62 minutos, na baliza norte, seguido de um pedido de desculpas para atenuar o sofrimento dos adeptos que o aplaudiram.
Permanece em Inglaterra até ao final da época 2008-2009 e muda-se para Madrid. Na apresentação, perante mais de 80 mil espetadores no Santiago Bernabéu, diz que cumpriu o sonho de criança que “era jogar no (Real de) Madrid”. Começa ali mais um capítulo de sucesso do então número 9 “merengue” (Raúl vestia o 7), que iria posteriormente a ser escrito sob a insígnia CR7 e com o número 7 nas costas.
Jorge Jesus e os sonhos
Na oitava época no Real de Madrid, Cristiano Ronaldo volta agora a pisar o palco de um dos clubes do seu coração. Com o sonho cumprido de ter ganho a Bola de Ouro por três vezes, vai estrear as botas da Nike inspiradas na última partida com que jogou de leão ao peito, precisamente a 6 de agosto de 2013, no tal jogo que o levou para Manchester. A cor verde e a inscrição da data na parte de trás das chuteiras não deixam dúvidas.
Na antevisão do jogo perante o Real de Madrid, líder incontestado da Liga Espanhola e que não perde há 29 jogos, Jorge Jesus, treinador dos leões, considera que o jogo será contra “a melhor equipa do mundo”. Ele que sonhou que “poderia passar da fase de grupos”, que acredita que o plantel que dirige tem “qualidade” para “sonhar”, embora reconhecendo que “apesar das coisas estarem mais difíceis o sonho ainda se mantém”. Sobre o sempre falado regresso de CR7 a Alvalade, diz que a acontecer “era sonhar muito alto”.
“Aos 41 anos pode ser que dê uma perninha” no Sporting
Numa época que considera de sonho, depois do título europeu com a seleção nacional e da Champions League, Ronaldo, vestido de branco, poderá fazer história neste regresso a Alvalade, ele que está a 2 golos dos 100 marcados em provas europeias e dos 500 assinados pelos clubes em que passou .
CR7, 31 anos, renovou recentemente com o Real de Madrid até 2021, naquele que diz ser o penúltimo contrato. Afirmando querer jogar até aos 40 anos, “talvez depois dos 41 faça uma perninha no Sporting”, declarou.
Embora com as habituais reservas sobre o futuro, as palavras de Ronaldo deixaram Bruno Carvalho a sonhar que pode levar por diante o seu desejo de ver a pérola da formação leonina vestido de verde e branco conforme voltou a afirmar recentemente numa entrevista ao jornal espanhol “Marca” e na qual recordou que “estava no estádio quando (Ronaldo) jogou com o Manchester United”.
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