A mensagem foi publicada pela ex-eurodeputada Ana Gomes na rede social Twitter um dia após ter tido lugar a operação "Fora de Jogo", que implicou buscas em várias entidades ligadas ao universo do futebol nesta quarta-feira, dia 4, e que levou à constituição de 47 arguidos, entre os quais jogadores de futebol, agentes ou intermediários, advogados e dirigentes desportivos. Segundo a revista Sábado, as revelações feitas por Rui Pinto, no caso Football Leaks, estão a ser úteis para esta investigação.

No mais recente caso - o 'Luanda Leaks' - foi graças a Rui Pinto e a uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação que foram revelados mais de 700 mil ficheiros que expõem esquemas financeiros da empresária angolana Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido ao casal retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando 'offshores'.

E na mensagem publicada hoje por Ana Gomes o português fala em concreto dos Luanda Leaks: "O Luanda Leaks é o exemplo mais recente de que os denunciantes e o jornalismo de investigação são essenciais para a nossa democracia. Durante anos, e apesar dos constantes alertas de que Portugal se tornara numa plataforma de lavagem de dinheiro da cleptocracia angolana, as autoridades judiciárias e de regulação nada fizeram", pode ler-se.

"Como cidadão fiz simplesmente o meu dever ao ajudar a expor este e outros crimes, e mesmo sabendo de antemão da primitiva perseguição de que os denunciantes são alvo em Portugal, voltaria a fazê-lo", termina.

A ex-eurodeputada escreve também que iria ler a mensagem de Rui Pinto numa conferência sobre corrupção no desporto, mas como esta foi cancelada devido ao surto de coronavírus, resolveu partilhar as palavras do denunciante na sua rede social.

Depois de ter sido preso na Hungria e extraditado para Portugal, ao abrigo de um mandato internacional, Rui Pinto está preso desde março de 2019, tendo revelado recentemente que entregou um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a recente revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos.

Rui Pinto vai ser julgado por 68 crimes de acesso indevido, por 14 crimes de violação de correspondência, por seis crimes de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada, este último um crime pelo qual o advogado Aníbal Pinto também foi pronunciado.

Em setembro de 2019, o Ministério Público (MP) tinha acusado o ‘hacker’ de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Plataforma Score e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.