“Não tem sustentação legal. Não está contemplado em nenhuma parte do estatuto, não é agora o Conselho Diretivo que por si faz leis ou estatutos, tem que seguir regras. Não tem qualquer sustentabilidade estatutária e é ilegal”, disse Marta Soares, em declarações à agência Lusa.

O Conselho Diretivo (CD) do Sporting, reunido na quinta-feira, revelou, em comunicado, que decidiu substituir a Mesa da Assembleia Geral (MAG) e respetivo presidente através da criação de uma comissão transitória da MAG.

Segundo aquele CD, a reunião de quinta-feira deveu-se "à renúncia em bloco da MAG e da renúncia da maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar, e por não terem sido iniciados pelos mesmos os procedimentos legais e estatutários a que estão vinculados e que permitiriam o normal funcionamento do clube e a consequente defesa dos superiores interesses" do clube.

Deste modo, decidiu aquele CD substituir os demissionários Mesa da Assembleia Geral e respetivo presidente, através da criação de uma comissão transitória da MAG, que será composta por Elsa Tiago Judas, advogada, Trindade Barros, advogado, e Yassin Nadir Nobre, empresário.

Para Jaime Marta Soares, a decisão do CD “é uma demonstração inequívoca de que há um assalto ao poder, do tipo golpe de estado” e que tal “não tem qualquer razão de ser”.

Segundo Marta Soares o presidente do Conselho Diretivo do Sporting “não tem competências para substituir ou nomear ninguém”, adiantando agora que os elementos da Mesa da Assembleia Geral vão analisar “com os cuidados necessários” a decisão conhecida hoje.

“Uma coisa posso dizer à partida, isso é tudo ilegal. Não tem qualquer sentido e por isso não surte nenhum efeito. É um desrespeito pelo Sporting Clube de Portugal que as pessoas levem aos extremos a sua tentativa de sobrevivência, de se agarrarem ao poder não olhando a meios para atingir os fins e utilizando estratégias que são ilegais e prejudiciais para o Sporting”, lamentou.

Marta Soares referiu ainda que serão acionados “todos os mecanismos estatutários”, acrescentando esperar que a mesa “não seja obrigada a ir por outro caminho”, escusando-se, no entanto, a referir quais as medidas.

Na quinta-feira, o Jaime Marta Soares revelou os nomes da comissão de fiscalização que exercerá as funções que cabem ao Conselho Fiscal e Disciplinar e que terá as competências deste órgão.

Em comunicado, Jaime Marta Soares revelou que a referida comissão será composta pelos sócios Henrique Manuel Baptista da Costa Monteiro, jornalista, João Luís Correia Duque, professor catedrático em finanças, António Paulo Santos, advogado, Luís Manuel Macedo Pinto de Sousa, professor e investigador do Instituto de Ciências Sociais, e Rita Batalha Dias Garcia Pereira, advogada.

Na sequência de uma reunião dos órgãos sociais do Sporting realizada no passado dia 24 deste mês, no estádio José Alvalade, Jaime Marta Soares anunciou a marcação de uma Assembleia Geral destitutiva, com o objetivo de destituir o Conselho Diretivo, para o próximo dia 23 de junho.

O Sporting encontra-se a viver uma crise interna que opõe o presidente Bruno de Carvalho aos restantes órgãos sociais do clube.

Em 15 de maio, antes do primeiro treino para a final da Taça de Portugal, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 adeptos encapuzados, que agrediram técnicos e jogadores. A GNR deteve 23 dos atacantes.

Paralelamente, a Polícia Judiciária deteve quatro pessoas na sequência de denúncias de alegada corrupção em jogos de andebol, incluindo o diretor desportivo do futebol, André Geraldes, que foi libertado sob caução e impedido de exercer funções desportivas.

O cenário agravou-se com as demissões da Mesa da Assembleia Geral, em bloco, da maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar, instando o presidente do Sporting a seguir o seu exemplo, mas Bruno de Carvalho anunciou que se irá manter no cargo, apesar das seis demissões no Conselho Diretivo.

Entretanto, a Holdimo, segundo maior acionista da SAD do Sporting, já deu entrada esta semana nos tribunais com uma ação especial para destituir a administração liderada por Bruno de Carvalho, anunciou Álvaro Sobrinho, líder da empresa angolana.

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