Questionado pela agência Lusa sobre o desfecho do encontro mantido na segunda-feira entre as direções do Clube de Râguebi do Técnico (CRT) e da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), Pedro Lucas garantiu ter sido “uma reunião de família” e acusou a FPR de tentar interferir na relação entre as partes.
“Houve alguém da FPR que tentou criar problemas entre a família do Técnico, dizendo à AEIST que poderia ter problemas adicionais por manter o protocolo com o CRT”, acusou Pedro Lucas.
Os ‘engenheiros’ têm uma ação a decorrer no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) que contesta uma decisão da direção da FPR que, em 30 de abril, decidiu desclassificar o Técnico do campeonato da Divisão de Honra e despromover o clube ao terceiro e último escalão competitivo nacional.
A FPR diz ter-se limitado a aplicar uma decisão do Conselho de Disciplina, mas o clube com sede nas Olaias contestou a decisão junto do Conselho de Justiça e do TAD, alegando que a direção do organismo não tem poderes estatutários para aplicar sanções disciplinares.
Em causa está uma alegada utilização irregular de nove jogadores no encontro do Técnico frente ao CDUL, da 14.ª jornada do campeonato, adiado de janeiro para o final de março devido a um surto de covid-19 no plantel dos ‘engenheiros’, partida que se disputou em Évora por interdição do Campo das Olaias.
O dirigente, por outro lado, admitiu que a AEIST tem legitimidade para levantar “algumas questões”, nomeadamente de “ser-lhe assacada alguma dívida, porque o nome deles está envolvido”, mas frisou que o CRT irá “assegurar sempre que isso não aconteça”.
Lucas admitiu que o atual protocolo “pode chegar ao fim”, mas garantiu que isso será feito por acordo entre as duas partes para que o clube, que “por tradição” usa a designação de AEIST na equipa principal, “não seja prejudicado na FPR pela mudança de nome”.
“Aliás, relativamente ao processo disciplinar que está a decorrer, ficou decidido que a AEIST vai esclarecer junto do Tribunal Arbitral do Desporto [TAD] que as procurações emitidas [antes da denúncia do protocolo] se mantêm”, esclareceu o presidente do CRT.
O líder dos ex-campeões nacionais acusou ainda a FPR de tentar “aplicar uma sentença de morte ao Técnico por várias vias” e garantiu que o clube vai reagir “até às últimas consequências”.
“A FPR está a alegar junto do TAD que não vale a pena julgar o caso porque a AEIST está a querer resolver o protocolo. Isto não é boa-fé. Estão a recorrer a esquemas ilegais e a situações processuais que nada têm a ver com o cerne da questão”, concluiu Pedro Lucas.
Contactado pela Lusa, o presidente da FPR refutou todas as acusações e exortou o dirigente do Técnico para “que ganhe juízo”.
Carlos Amado da Silva garantiu que “a FPR não alega nada” junto do TAD e revelou um pedido de reunião “que ainda não se realizou”, da parte da advogada da AEIST, mas frisou que a direção da FPR está “a cumprir os regulamentos ao executar a decisão do CD”.
“Não há nada premeditado [contra o Técnico]. Se houvesse, eu não teria ido a Évora pedir pessoalmente ao senhor presidente do Técnico para não fazer aquela asneira”, concluiu Amado da Silva.
Em 20 de abril, o Conselho de Disciplina da FPR considerou procedente um protesto do CDUL que alegava que o Técnico tinha utilizado nove jogadores de forma irregular no encontro entre as duas equipas, em 23 de março, infringindo o artigo 37.º, n.º 1 a) do Regulamento de Disciplina.
Dez dias depois, em 30 de abril, a direção da FPR decidiu aplicar a decisão do CD, após receber um recurso do Técnico, desclassificando os campeões nacionais e despromovendo-os ao último escalão competitivo português.
O Técnico recorreu, então, para o Conselho de Justiça da FPR, que, em 06 de maio, considerou improcedente o recurso, num despacho em que revelava, ainda, que os 'engenheiros' teriam já recorrido da decisão também junto do TAD.
O Técnico é um dos clubes históricos do râguebi português, tendo sido fundado em 1963.
Com sede nas Olaias, os 'engenheiros' somam, a nível sénior, três títulos de campeões nacionais (1981, 1998 e 2021), quatro Taças de Portugal (1969, 1971, 1973 e 1994) e uma Supertaça (1994).
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