Um azar é, por vezes, seguido por um acontecimento positivo. É essa, pelo menos, a normalidade na vida de Teresa Bonvalot, surfista portuguesa, primeira suplente no Championship Tour (CT) da Liga Mundial de Surf (World Surf League - WSL).

Na bateria inaugural da competição feminina do Meo Rip Curl Portugal Pro, etapa do circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), a decorrer na praia de Supertubos, em Peniche, Bonvalot passou em primeiro lugar ao fazer 9,93 pontos (6,0+3,93) à frente de Bettylou Sakura Johnson (6,13) e da bicampeã mundial (2016 e 2017), Tyler Wright (5,37 e a caminho da ronda de eliminação).

Um passo dado para os oitavos de final na única paragem europeia do CT depois de ter "levado seis pontos na cabeça". "A primeira vez que levei pontos, seis pontinhos", confessou aos jornalistas.

O incidente ocorreu numa sessão de treino durante o primeiro dos três dias de espera de arranque da etapa portuguesa. “Levei com a quilha na cabeça, embiquei e debaixo de água senti logo: acho que é desta que vou levar pontos. Engraçado, dois dias antes tinha estado a falar de pontos e de que nunca tinha levado, tinha medo...”, confessou a surfista portuguesa, estreante em Peniche em provas do Circuito Mundial, entrada nos Supertubos por substituição da francesa Johanne Defay (lesionada).

“Normalmente sempre que me acontece uma coisa má tenho coisas boas a acontecer”, acrescentou aos jornalistas a portuguesa cuja licra branca apresentava nas costas o nome Mamona (homenagem feita à atleta do triplo salto, Patrícia Mamona, a propósito da iniciativa da WSL por causa do Dia Internacional da Mulher, celebrado no passado dia 8).

“(A guerreira) está sempre dentro de água”

Afastado o nervosismo inicial por “estar aqui (em Portugal) à frente de toda a gente”, admitiu sentir-se “bem” e inserida “onde quero pertencer, no meio das melhores surfistas do mundo”, território onde ganha “mais força para continuar”, acrescentou.

Sorridente e confiante, na conversa tida na areia, Bonvalot sublinhou estar muito motivada por “fazer o que mais gosto, competir, desta vez em casa, perante este apoio”, de portugueses, um apoio retribuído com agradecimentos.

Instada a comentar as palavras de Frederico Morais (caiu para a ronda de eliminação) ao catalogar Bonvalot como uma “guerreira”, Teresinha adiantou: “(a guerreira) está sempre dentro de água”.

“Muitas vezes não vai para o nosso lado porque o surf é uma coisa imprevisível, mas a minha vontade de dar o máximo e de estar sempre presente, onde mais demonstro o melhor de mim mesmo é a competir. Amo competir, amo estar naquele impasse de ter de fazer as coisas naquele tempo e sabe muito bem ter o bolo a sair”, disparou.

Garantida a passagem aos oitavos de Peniche, Teresa Bonvalot deixou uma nota final para o resto da etapa portuguesa. “O sonho é deixar o troféu em casa”, finalizou a surfista que, a sorrir, catalogou como “uma coincidência" os seis pontos na cabeça e os seis pontos na onda melhor pontuada.