“A missão custa um milhão. Não tenho neste momento noção do valor que vamos ter de comprometer já. Uma parte já está comprometida, tivemos de sinalizar todas as reservas que fizemos, mas agora temos de as confirmar. Temos de tomar decisões a partir desse princípio [que há Jogos Olímpicos]. Se a decisão for em sentido contrário, naturalmente terá consequências muito penalizantes para a economia dos comités olímpicos, em particular do COP”, assumiu José Manuel Constantino.

Em declarações à Lusa, o presidente do COP diz que é penalizador para os comités olímpicos nacionais decidir na incerteza, pois estão a comprometer-se com “uma logística com custos envolvidos muito significativos”.

“Vamos ter de tomar decisões, tratar disto tudo com o pressuposto de que os Jogos Olímpicos se vão realizar... e mais para a frente se toma a decisão não se realizar, há consequências muito gravosas”, reforçou.

Como exemplos, deu a necessidade de ir fazendo diverso tipo de pagamentos, como alojamentos, viagens, envio de contentor com o material da missão e de animais para as provas de hipismo.

José Manuel Constantino assume estar “preocupado”, até porque, lembra, “o quadro internacional é profundamente desfavorável”, dando como exemplo o cancelamento de sucessivas provas à escala mundial, nas quais se inclui o Euro2020 de futebol.

“A menos que o COI tenha elementos de avaliação da situação que me escapam… e espero que tenha. Para tomar esta decisão estando a ser assessorado pela Organização Mundial da Saúde, é porque tem elementos que lhe permitem sustentar o que está a defender sob pena de, se isso não acontecer, o COI entrar em crise de credibilidade profundíssima perante o mundo inteiro”, avisou.

Na preparação para Tóquio2020, COP pede exceções ao Governo

“O COP oficiou junto do governo e falou com o Secretário de Estado da Juventude e Desporto no sentido de, se houver determinadas restrições à liberdade de circulação, para criar uma situação excecional para os atletas em preparação olímpica”, revelou José Manuel Constantino.

À Lusa, presidente do COP não quer que os atleta lusos saiam ainda mais prejudicados com a pandemia da Covid-19: “Pelo menos que possam circular e adotar as soluções alternativas que algumas federações conseguiram arranjar para minimizar o problema da preparação dos atletas”.

O presidente do COP lamentou a atitude do Comité Olímpico Internacional que “colocou nas mãos dos comités olímpicos nacionais e dos governos encontrar soluções alternativas para atletas possam treinar”.

“Isto é muito bonito, mas não é fácil de concretizar”, criticou, sobre o facto de o COI manter Tóquio2020 nas datas previstas, de 24 de julho a 09 de agosto, apesar das evidências internacionais com o alastrar da pandemia.

Face a todas as dúvidas e contingências, José Manuel Constantino admitiu que preferia que o evento fosse “adiado um ano”.

“Não tenho elementos que me permitam avaliar se a posição do COI é sustentável ou não. Está a ser assessorado pela Organização Mundial da Saúde e parto do princípio que quem está a monitorizar informa o COI do quadro à data previsível do início dos Jogos”, disse.

Ainda assim, anota o “problema” dos Jogos Olímpicos deverem ser “preparados muito antes”, recordando que “neste momento há países que não podem preparar a participação dos seus atletas”.

O novo coronavírus, que surgiu em dezembro na China e é responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.978 mortes para 35.713 casos, o Irão, com 1.135 mortes (17.350 casos), a Espanha, com 558 mortes (13.716 casos) e a França com 175 mortes (7.730 casos).

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.