Na disputa por um lugar estão os covilhanenses Ricardo Brancal e Manuel Ramos e Baptiste Aranjo, residente em França e com família em Braga.
O lusodescendente é quem está atualmente mais bem posicionado no ‘ranking’, embora a diferença para os restantes seja reduzida e, tendo em conta que a maioria das provas estão agendadas a partir de novembro e só agora a época vai começar, apenas em 16 de janeiro a Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) decide quem é o escolhido.
“Neste momento, está tudo em aberto”, referiu o selecionador nacional, Sérgio Figueiredo, em declarações à agência Lusa.
O técnico nacional explicou que os critérios finais serão decididos nos próximos dias, embora tenha adiantado que o desempenho desportivo representará “a grande fatia”. “Vai ser difícil escolher, e isso é bom”, acrescentou Sérgio Figueiredo, satisfeito com o aumento da competitividade na modalidade.
Ricardo Brancal, 25 anos, estudante natural da Covilhã, mudou-se no ano passado para Itália, para perto do glaciar Passo dello Stelvio, nos Alpes, de forma a conseguir fazer uma preparação semelhante à dos atletas da Taça do Mundo, em vez dos habituais 20 ou 30 dias de neve por temporada.
Com 130 pontos no slalom gigante e 119 no slalom, abaixo dos 160 mínimos, o esquiador tem como objetivo “baixar os 100 pontos” e depois aproximar-se dos 68/80.
“Nunca treinei tanto como agora. Estar nos Jogos Olímpicos de Inverno depende do trabalho que fizer daqui para a frente, porque sou eu que controlo o que faço na pista e não há nenhum esquiador fora do alcance. Desde que eu acredite e faça por isso, é possível, e eu quero facilitar a decisão pela performance em pista”, realçou Ricardo Brancal, que desde os 13 anos compete por Portugal.
Habituado a marcar presença em grandes provas internacionais, falta-lhe estar nos Jogos Olímpicos, uma meta desde há oito anos, e sublinhou que “representar Portugal deve sempre dizer-nos algo”.
Manuel Ramos, de 19 anos, também da Covilhã, passou a viver a partir dos 15 em Jaca, nos Pirenéus espanhóis, durante o inverno, para poder “competir e treinar com regularidade” e concretizar o projeto que estipulou há 10 anos: vestir as cores nacionais nos Jogos Olímpicos.
O esquiador, que começou a competir aos sete anos no Brincar na Neve, programa para crianças da FDIP, soma 117 pontos no slalom gigante e 211 no slalom, uma marca que acredita não ser difícil melhorar, por se dever a “quedas e descidas com alguns erros” já identificados.
Com a vida organizada em função do esqui, o atleta não quer equacionar um cenário que o deixe fora de Pequim2022, por considerar estar a fazer tudo ao seu alcance para estar na China.
“O nível dos três é próximo. É difícil, é ambicioso, mas é possível, e é com base nisso que tenho trabalhado. Até ao lavar dos cestos é vindima”, acentuou Manuel Ramos, para quem integrar a missão a Pequim seria “uma recompensa por um grande esforço”.
Esta é apenas a segunda época que Baptiste Aranjo, de 20 anos, faz com a seleção nacional e cada vez que veste o equipamento luso sente que está a honrar a memória do avô, bracarense que “morreu cedo demais”.
Mais forte no slalom, garantiu ser possível melhorar os seus registos. “Este é apenas o início do meu projeto, trabalho muito para fazer sempre melhor e, talvez um dia, chegar aos vinte melhores do mundo, porque os meus progressos nos últimos quatro anos foram incríveis”, partilhou o esquiador.
Chegar aos Jogos é “o maior sonho” da sua vida e espera ser chamado para integrar a comitiva portuguesa.
“Se estiverem reunidas as condições mentais e físicas, tenho hipótese de chegar ao ‘top 30’ na China”, antecipou, em declarações à Lusa. “A minha expectativa é ficar nos 30 em slalom, ou menos, mas eu tenho a capacidade, com certeza, de ficar entre os 30 primeiros”, afirmou, confiante, Baptiste Aranjo, agora focado na preparação, porque “o treino representa 99% do trabalho para os Jogos Olímpicos”.
“No dia da corrida, apenas temos de nos concentrar e repetir o que fizemos antes”, vincou.
Os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022, na China, que se realizam entre 04 e 20 de fevereiro, dentro de 100 dias, contam para já com a participação de três atletas lusos, dois no esqui alpino, um masculino e um feminino, e um no esqui de fundo.
Em Sochi2014, competiram Camille Dias e Arthur Hanse, ambos em esqui alpino, e em PeyongChang2018 Arthur Hanse, em esqui alpino, e Ke Quyen Lam, no esqui de fundo.
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