A curto ou a médio prazo não se vê um sucessor. "A sua saída será um buraco imenso, mas não insuperável. Perguntámos o mesmo com Muhammad Ali. Depois apareceram Floyd Mayweather, Marvin Hagler, Manny Pacquiao, Sugar Ray Leonard... Não preencheremos esse vazio numa noite, mas há grandes atletas e temos de assegurar que o mundo os conheça", afirmou Sabastian Coe, presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) à AFP.
O seu maior rival na velocidade nestes últimos anos é Justin Gatlin, tanto nos Mundiais de Moscovo-2013 e Pequim-2015, como nos Jogos do Rio-2016. Mas o americano tem 34 anos, por isso nunca se pensou nele para ficar no lugar de Bolt.
De Grasse e Blake
Nestes Jogos surgiu André de Grasse, o canadiano de 21 anos, com pai de Barbados e mãe de Trinidad e Tobago, que conquistou três medalhas no Rio-2016, a prata nos 200 metros, atrás de Usain Bolt, o bronze nos 100 metros, superado pelo jamaicano e Gatlin, e o bronze nas estafetas de 4x100 metros. "Vai ser bom. Corre como eu. Quero dizer que é lento na saída, assim como eu, e recupera depois", afirma Bolt sobre de Grasse.
De Grasse afirma que Bolt acredita que ele tem uma grande carreira na velocidade. "Penso que me sente como o seu sucessor e eu tento dar-lhe razão", declara o canadiano.
O sucessor proclamado de Bolt já o compatriota Yohan Blake, que ganhou a medalha de prata nos 100 e 200 metros nos Jogos de Londres-2012, atrás da estrela jamaicana, quando tinha apenas 22 anos. Um ano antes, no Mundial de Daegu-2011, após a desclassificação de Bolt por uma saída falsa na final dos 100 metros, ganhou o ouro com 21 anos e 245 dias, sendo o campeão mundial mais jovem na história da modalidade.
Apenas a desclassificação de Bolt, o único título mundial ou olímpico que lhe falta desde 2008, permitiu que Blake ganhasse, mas imaginava-se um futuro que não se concretizou. Após duas temporadas de lesões, em 2013 e 2014, que o impediram de participar no Mundial de Moscovo-2013, Blake não chegou na sua melhor forma em 2015, razão pela qual não esteve no Mundial de Pequim. E nos Jogos do Rio-2016, já com 26 anos, só conseguiu ser o quarto nos 100 metros, sem se classificar para a final dos 200 metros, as duas provas nas quais havia conquistado a prata em Londres-2012.
A velocidade vai ter dificuldade em encontrar um sucessor à altura de Bolt, mas também o atletismo em geral tem problemas para encontrar outro campeão jovem e mediático.
Em geral, os campeões olímpicos do Rio-2016 são maduros, com exceção da jamaicana Elaine Thompson, de 24 anos, que fez a dobradinha 100-200 metros. Mas nas provas de distância, o outro ícone do atletismo, pertence ao britânico Mo Farah, de 33 anos.
O atletismo procura um novo campeão, jovem e carismático. Pode vir novamente da Jamaica, onde é o desporto rei, e as escolas organizam campeonatos regionais e nacionais, que funcionam como uma grande incubadora. Mas enquanto isso, o atletismo terá que esperar para ver se De Grasse cumpre as expectativas.
Faltam quatro anos para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, mas será difícil preencher o vazio que Bolt terá deixado desde que ganhou seu primeiro tricampeonato de velocidade nos Jogos de Pequim-2008, que se repetiu em Londres-2012 e Rio-2016.
Resta o consolo de que Bolt correrá até o Mundial de Londres-2017, a sua última estação de glória. Resta um ano. Com o eco da nova façanha de Bolt no Rio-2016, o melhor é saborear este feito histórico, que será difícil de repetir.
"As pessoas perguntam-me sempre se sou imbatível. Creio que sou"
Estas são as frases mais destacadas de Usain Bolt durante os Jogos Olímpicos do Rio-2016, onde conquistou o terceiro tricampeonato consecutivo nas provas de velocidade (100, 200 e estafeta de 4x100 metros). No dia em que completa 30 anos, recordamos alguns momentos emblemáticos.
"Se o desporto precisa de mim e eu puder motivar-me por mais um ano, por que não continuar um pouco mais?"
"Alguém disse no ano passado que, se eu conseguisse um novo tricampeonato no Rio-2016, me tornaria imortal. Mais duas medalhas e aí está, serei imortal" - 14 de agosto, após ganhar a medalha de ouro nos 100 metros, a primeira do seu tricampeonato no Rio-2016
"É o público que me dá energia. Os espectadores devem entender que fazem parte da competição. Temos que fazer com que participem"
"Não estou feliz com o resultado alcançado. O meu corpo não respondeu na última reta. Estou a ficar velho e o meu corpo também. Acredito que é minha última corrida de 200 metros, mas o meu técnico talvez pense diferente" - 18 de agosto, após ganhar a final dos 200 metros e conquistar a segunda medalha de ouro no Rio
"Já não preciso provar mais nada. O que mais posso provar? Sou o maior da história do atletismo. Estou a tentar ser um dos maiores (da história do desporto). Quero estar entre Muhammad Ali e Pelé. Espero que após estes jogos esteja nesse grupo"
"Provei que sou o maior deste desporto e cumpri a missão a que me propus. Espero ter colocado a marca alto o suficiente para que ninguém a possa voltar a fazer novamente"- 19 de agosto após conquistar o tricampeonato de velocidade, depois de ganhar a final de estafetas de 4x100 metros:
"As pessoas perguntam-me sempre se sou imbatível. Quando chego a um grande campeonato, creio que sou".
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