“O objetivo é promover a saúde, o bem-estar e a inclusão social de pessoas portadoras de deficiência através da prática do surf e do usufruto sustentável dos serviços de saúde dos ecossistemas costeiros”, afirmou Ronaldo Gabriel, docente do Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde da UTAD.

Ronaldo Gabriel e Helena Moreira, também investigadora da academia transmontana, estão a participar, conjuntamente com mais seis instituições europeias, no projeto INCLUSEA, que visa “promover a igualdade de oportunidades na prática do surf, através do desenvolvimento de uma metodologia inovadora do ensino destinada a pessoas com deficiências motoras e ou sensoriais”.

Os investigadores da UTAD estão já a trabalhar com a equipa do Surf Clube de Viana (SCV), liderada por João Zamith, na compilação do conhecimento científico e das boas práticas atualmente disponíveis.

Estão ainda a apoiar a campeã europeia de surf adaptado, Marta Paço, portadora de deficiência visual, e o seu treinador, Tiago Prieto, também estudante do Mestrado em Ciências de Desporto na UTAD.

A UTAD explicou, em comunicado, que o INCLUSEA é promovido por um consórcio europeu de sete organizações de cinco países, é cofinanciado pelo Erasmus + Sport e pretende “avaliar, desenvolver e cocriar orientações das práticas de ensino do surf para serem adotadas por instrutores em programas da modalidade ou de terapia de surf, com vista a estabelecer um padrão comum europeu e internacional”.

Neste âmbito, o consórcio pretende comprovar e avaliar as melhores práticas e métodos de ensino para ajudar os participantes a alcançarem as aprendizagens e as aptidões necessárias para desfrutar do surf a todos os níveis, com garantias de segurança, promoção e sustentabilidade.

O projeto é liderado pela Sociedad Regional de Educación Cultura y Deporte del Gobierno de Cantabria, em parceria com a Câmara Municipal de Ribamontán al Mar (Espanha), o Surf Clube de Viana, a UTAD (única universidade portuguesa envolvida), a Associacion Nacionale Handi Surf (França), a empresa Liquid Therapy Foundation (Irlanda) e o Deustcher Wellenreitverband EV (Alemanha).

Segundo a informação da UTAD, “na União Europeia cerca de 120 milhões de pessoas são portadoras de deficiência, equivalente a cerca de 15% da população, pelo que a contribuição do desporto e da atividade física para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das pessoas com deficiência é amplamente reconhecida”.

Existe ainda a evidência, de acordo com a universidade, de que o surf oferece “experiências sensoriais ricas e complexas que estimulam todo o organismo, refletidas na melhoria da aptidão física e em benefícios psicológicos e sociais, numa ligação mais afetiva com o ambiente natural”.