Em entrevista à agência Lusa, durante a Web Summit, em Lisboa, Demi Vollering falou do estado atual do ciclismo feminino, em comparação com a atenção mediática que a vertente masculina apresenta, sobretudo nas principais provas velocipédicas mundiais.
“No geral, penso que o ciclismo feminino está num lugar bom, se compararmos com os outros desportos femininos, e sinto orgulho nisso, mas ainda há um longo caminho a percorrer. O Tour feminino foi um passo necessário e ajudou-nos muito a desenvolver a modalidade. Espero que outras corridas se sigam, porque a Vuelta não tem ainda o mesmo impacto mediático, e o Giro de Itália mudou agora de organização e estou curiosa para saber como as coisas irão funcionar. Penso que há espaço para melhorar”, frisou.
A ciclista apontou como importante para o desenvolvimento da modalidade na vertente feminina a presença em eventos como a Web Summit, bem como a transmissão televisiva das provas, e não copiar o que é feito na vertente masculina, abrindo um espaço para autenticidade.
“Devemos ter orgulho no que temos e encontrar uma maneira de o tornar autêntico, ou seja, ter os nossos próprios patrocinadores e mais empresas focadas nas mulheres. As nossas corridas também podiam não ser tão longas, não creio que seja necessário, pois só as torna aborrecidas e menos interessantes para quem está a assistir”, realçou.
Aos 27 anos, Demi Vollering é uma das grandes figuras do ciclismo internacional, com os triunfos no Tour2023 e na Vuelta2024, apesar de nos Jogos Olímpicos Paris2024 ter ficado aquém dos resultados pretendidos, sendo quinta no contrarrelógio e 34.ª na prova de estrada.
“É muito importante para mim significar algo no desporto feminino, e não somente no ciclismo. Quero mais do que ter apenas bons resultados. Claro que quero ganhar várias vezes o Tour, ser campeã mundial ou olímpica, mas tenho uma missão, por outro lado, de colocar mais jovens fora de casa, a mexerem-se e desenvolverem-se, assegurando que têm um espaço onde se sintam livres e sem problemas mentais”, expressou ainda.
Em 2025, Demi Vollering vai deixar a equipa SD Worx-Protime e rumar à francesa FDJ-Suez, o que tornaria mais especial vencer novamente o Tour, por uma equipa local, já que, apontou, as emoções dão-lhe mais força e poder, o que a ajudará nesse objetivo.
“Apercebi-me que eu estava pronta para uma nova aventura, sair da zona de conforto, aprender e desafiar-me. Comecei a falar com várias equipas e FDJ-Suez foi compatível desde o início. Na primeira reunião vi que eram muito apaixonados pelo ciclismo e isso foi entusiasmante”, explicou a ciclista, que esteve presente em dois painéis da Web Summit.
A edição deste ano, em Lisboa, que começou na segunda-feira e decorre até quinta-feira, regista um recorde de 71.528 participantes de 153 países, segundo dados da organização de uma das maiores cimeiras tecnológicas a nível internacional.
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