Diante Daniel Evans (61.º ATP), que regressou ao circuito há pouco mais de um ano, após uma suspensão de 12 meses, por controlo antidoping positivo, devido a consumo de cocaína, o número um nacional e 69.º do 'ranking' mundial precisou de quatro horas e cinco 'sets' para alcançar a qualificação inédita de um português para a quarta ronda, com parciais de 4-6, 6-4, 7-5, 4-6 e 6-4.

João Sousa, de 30 anos, não entrou bem naquele que era o primeiro encontro com o tenista natural de Birmingham, sofrendo um 'break' de entrada. Reduziu para 1-2, mas Daniel Evans, de 29 anos, manteve a vantagem mínima até fechar por 6-4, graças a um estilo de jogo consistente, variado e cometendo metade dos erros não forçados (7) do jogador português (14).

Na segunda partida, o minhoto, que revelou inicialmente algumas dificuldades para interpretar o jogo variado e estratégia adversária, insistindo na esquerda de Evans, enfrentou três pontos de ‘break’ no terceiro jogo. E foi quebrado no primeiro, ficando novamente em desvantagem (1-2).

O britânico segurou a liderança até ao oitavo jogo, altura em que enfrentou o primeiro ponto de ‘break’ do encontro. Salvou o primeiro, mas não evitou o segundo, e João Sousa conseguiu fazer o contra ‘break' (4-4). Ganhando maior confiança e elevando o seu nível de jogo, cumpriu o seu jogo de serviço (5-4) e, ao quarto ‘set point’, restabeleceu a igualdade no marcador, ao fechar o parcial por 6-4.

A terceira partida decorreu de forma equilibrada até ao terceiro jogo, altura em que o vimaranense enfrentou o primeiro ponto de ‘break’. Eliminou o primeiro, mas não anulou o segundo e, à semelhança do sucedido no parcial anterior, permitiu ao adversário passar para a frente no marcador (2-1). Ao sexto jogo o português concretizou a quebra de serviço do adversário e estabeleceu a igualdade no terceiro ‘set' (3-3).

Daniel Evans não se intimidou e voltou a colocar-se na liderança (4-3), com um segundo ‘break’. Depois de desperdiçar duas oportunidades para concretizar a quebra de serviço, João Sousa, que viu o adversário avançar para o 5-3, conseguiu fazer o seu jogo de serviço e o contra ‘break’ (5-5). Ao segundo ‘set point’, encerrou o parcial com 7-5.

O quarto ‘set’ arrancou tal como o primeiro, ou seja, com o jogador da casa a conseguir a quebra de serviço de entrada, mantendo a vantagem até ao sexto jogo, quando Sousa devolveu o ‘break’. O equilíbrio foi quebrado no nono jogo e Evans passou para a frente, encerrando a contenda por 6-4.

Adiada a decisão para a quinta e última partida, João Sousa voltou a ser quebrado no terceiro jogo, mas devolveu de imediato (2-2) e ao 10.º jogo sentenciou a vitória e marcou encontro com Rafael Nadal, número dois do mundo, nos oitavos de final de Wimbledon.

João Sousa orgulhoso da vitória e de “fazer história” para Portugal

O atleta luso de 30 anos reagia à vitória, um “sonho realizado” em poder chegar à quarta ronda de Wimbledon, igualando o melhor resultado que já tem em torneios do ‘Grand Slam’, depois dos ‘oitavos’ do US Open em 2018.

Esta é também a primeira vez que um português chega tão longe em Wimbledon, razão pela qual Sousa se mostrou “muito orgulhoso”, pela vitória e por “ser português”, depois de “uma grande batalha em que o Dan fez um jogo incrível”.

O vimaranense elogiou o adversário e o “público incrível”, mesmo que tenham estado mais do lado do adversário, a jogar ‘em casa’, e definiu a capacidade de “concentração e querer dar o melhor” como fatores para conseguir este resultado.

Na próxima ronda, vai defrontar o espanhol Rafael Nadal, segundo da hierarquia mundial, um jogador para quem “não há palavras”. “É fantástico. Devo ter outra vez o público contra mim, mas vou dar o meu melhor e tentar ganhar”, atirou.

Por agora, terá de “descansar e desfrutar de uma vitória difícil”, que apelidou de “uma grande batalha”, tendo durado quatro horas e três minutos, antes de disputar o acesso aos quartos de final.