Durante a audição do ministro das Finanças, Mário Centeno, Teresa Leal Coelho disse que falou com o presidente da CGD e com o governador do Banco de Portugal e que “provavelmente ainda hoje será remetido” para os deputados o relatório com as conclusões da auditoria, e “se não amanhã [quinta-feira] ou sexta-feira”.
Na terça-feira, o Ministério Público informou “nada ter a opor” que a CGD disponibilize ao parlamento a auditoria feita pela EY à gestão do banco público.
Fonte oficial da CGD indicou então que vai enviar à Assembleia da República (AR) o documento após a consultora "expurgar as questões de sigilo bancário".
Já hoje no parlamento o ministro das Finanças, Mário Centeno, indicou também que a administração da Caixa Geral de Depósitos dará "sequência" à decisão da Procuradoria Geral da República de levantar as restrições de divulgação da auditoria da EY.
"O documento esteve em segredo de justiça, nem a CGD nem o Governo podiam alterar, quando a Procuradoria Geral da República levanta essa restrição, ela será, pela administração da Caixa Geral de Depósitos, dada sequência", disse Mário Centeno na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
O ministro das Finanças acrescentou que o mesmo acontecerá relativamente às restrições de sigilo bancário, demarcando o Governo de responsabilidade nesse campo.
"A mesma coisa se passa em relação ao segredo bancário. É o Banco de Portugal, são as autoridades, que podem fazer esse levantamento", disse Centeno.
Há meses que o parlamento vinha pedindo à CGD o relatório desta auditoria, que por duas vezes negou, justificando primeiro com segredo bancário e depois com segredo de Justiça.
Foi então que a Comissão de Orçamento e Finanças decidiu pedir à PGR a divulgação do documento, que na terça-feira concordou.
Teresa Leal Coelho disse que “foram sete meses com percalços pelo meio” em torno da transparência desta informação para com os deputados.
O documento a enviar aos deputados será o relatório final da auditoria da EY mandada fazer em 2017.
Na semana passada, foi conhecida uma versão preliminar datada de dezembro de 2017, divulgada pela comentadora política Joana Amaral Dias, em que são apontados problemas de concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e ineficiências na gestão de risco.
A auditoria avaliou sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e, só nestas, estimou perdas de mais de 1.000 milhões de euros, estando à cabeça as operações de financiamento da fábrica da La Seda, em Sines.
Ainda entre as operações com perdas elevadas estão empréstimos à Investifino (de Manuel Fino), para compra de ações da Cimpor dando ações do BCP e da Cimpor como garantia, Fundação Berardo, Auto-Estradas Douro Litoral e Vale do Lobo Resort.
A EY indicou ainda que várias operações de concessão de crédito foram concedidas sem uma análise de risco aprofundada, incluindo “operações aprovadas com parecer de risco desfavorável ou condicionado” pela Direção de Gestão de Risco do banco.
O documento revelou também que administradores da CGD receberam “remuneração variável” e “voto de confiança”, mesmo em anos com resultados negativos.
Dos gestores referidos nesta versão da auditoria cujas decisões originaram perdas, há pelo menos 17 que continuam ligados à banca e mesmo à CGD.
Comentários