Um dos organizadores e promotores do grupo Emigrantes Lesados Unidos, Carlos Costa, disse à Lusa que “não se vê a luz ao fundo do túnel”, que se vai “entrar no terceiro ano” desde a queda do BES e que “o problema está na mesma”.
Relativamente à informação de que o Novo Banco deverá apresentar em breve uma proposta comercial aos emigrantes lesados pelo BES para os tentar compensar pelas perdas sofridas, Carlos Costa afirmou estar “surpreendido” porque “é muito esquisito que essa notícia saia dois ou três dias antes da manifestação”.
“Ninguém recebeu uma proposta. Estamos a aguardar a nova proposta do Novo Banco, se houver proposta. Mantemos a nossa concentração em Paris que vai ser só à frente do banco porque não tivemos autorização para desfilar até à Embaixada de Portugal”, acrescentou o português, de 49 anos, na organização do protesto, que tem início a partir das 10h30 (hora local).
De acordo com uma carta enviada pela chefe de gabinete de António Costa, Rita Faden, aos deputados do PSD José Cesário, Carlos Gonçalves e Carlos Páscoa – que tinham questionado o primeiro-ministro sobre a situação dos emigrantes lesados pelo BES – o Novo Banco vai apresentar uma “segunda oportunidade aos cerca de 2.600 emigrantes que em 2015 rejeitaram a proposta de solução que foi maioritariamente aceite e que está a ser executada”.
Ainda segundo o executivo, “os perto de 2.000 emigrantes que não foram destinatários de proposta formulada pelo Novo Banco correspondem ao conjunto de titulares de três das apontadas sociedades veículo a que o Novo Banco não conseguiu ainda aplicar e concretizar procedimento similar às demais que foram liquidadas” e “a Administração do Novo Banco fez saber ao Governo que estimava poder em breve ter condições para apresentar a estes cerca de 2.000 emigrantes uma proposta similar à que em 2015 foi apresentada”.
Em janeiro, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) chamou o Novo Banco a participar numa mediação extrajudicial com a AMELP para encontrar um mecanismo que compense os emigrantes que perderam dinheiro com a queda do BES e que não aceitaram a solução comercial proposta pelo Novo Banco em 2015.
Após a resolução do BES, em 4 de agosto de 2014, mais de 10.000 clientes emigrantes (sobretudo de França e Suíça) vieram reclamar um total de 728 milhões de euros, acusando o banco de lhes ter vendido produtos arriscados (ações de sociedades veículo) quando lhes tinha dito que se tratavam de depósitos a prazo para não residentes.
A responsabilidade sobre estes produtos ficou, na resolução do BES, no Novo Banco – o banco de transição então criado – que propôs em 2015 aos emigrantes (com os produtos Poupança Plus, Euro Aforro e Top Renda) uma solução comercial, que teve a aceitação de cerca de 6.000 (80% do total) que detinham em conjunto 500 milhões de euros.
No entanto, houve clientes que não aceitaram a solução, por considerarem que não era justa e não se adequava ao seu perfil, e o Novo Banco não fez qualquer proposta a outros milhares de clientes, argumentando que não era possível devido ao tipo de instrumentos financeiros abrangidos.
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