Segundo um comunicado, Bruxelas tem agora um período de 90 dias úteis, até 09 de dezembro, para tomar uma decisão, ao abrigo do Regulamento das Concentrações da União Europeia (UE).

A Comissão Europeia receia que, com a compra da Fitbit, a Google reforce ainda mais a sua posição no mercado da publicidade ‘online’, aumentando a já vasta quantidade de dados que a Google poderia utilizar para personalizar os anúncios que serve e exibe.

Após uma primeira fase de investigação — o executivo comunitário foi notificado da transação em 15 de junho e não ficou satisfeito com as respostas submetidas pela Google em 13 de julho -, a Comissão preocupa-se com o impacto da transação no fornecimento de serviços de pesquisa e exibição de publicidade ‘online’ (a venda de espaço publicitário, respetivamente, na página de resultados de um motor de pesquisa na Internet ou noutras páginas da Internet).

O impacto no fornecimento de serviços “ad tech” (ferramentas analíticas e digitais utilizadas para facilitar a venda e compra programática de publicidade digital) é outra dúvida comunitária.

Ao adquirir a Fitbit, defende a Comissão Europeia, a Google adquiriria a base de dados mantida por esta sobre a saúde e a aptidão dos seus utilizadores e a tecnologia para desenvolver uma base de dados semelhante à da produtora de ‘smartwatches’.

A Google anunciou em 01 de novembro de 2019 um acordo para a compra da empresa norte-americana Fitbit por 2,1 mil milhões de dólares (perto de 1,9 mil milhões de euros).

O acordo pode colocar a Google em concorrência direta com a Apple e a Samsung no mercado altamente competitivo de ‘smartwatches’ e outros dispositivos móveis, mas levanta questões sobre privacidade e domínio do Google no setor da tecnologia.

O anúncio sobre a compra da Fitbit veio acompanhado da promessa de que não serão usadas informações relativas a dados pessoais, saúde e bem-estar para anúncios da Google.

A Fitbit é pioneira na tecnologia de dispositivos ‘fitness’ portáteis, fabricando uma variedade de produtos, desde detetores básicos que contam os passos diários do utilizador a ‘smartwatches’ que exibem mensagens e notificações de telefones.

Os dispositivos são utilizados em atividades como ciclismo e natação e permitem registar batimentos cardíacos e padrões de sono.

Aos utilizadores, a Fitbit pede normalmente dados como a data de nascimento, sexo, altura e peso para ajudar, por exemplo, a estimar calorias perdidas.

Algumas pessoas usam a aplicação da Fitbit para gravar o que comem e bebem.

A empresa conta com 28 milhões de utilizadores em todo o mundo e já vendeu mais de 100 milhões de dispositivos.