Na comunicação da Comissão Europeia hoje ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Banco Central Europeu e ao Eurogrupo, divulgada no final da reunião do colégio de comissários, Bruxelas considera que "Portugal está a experienciar desequilíbrios excessivos".
"Os grandes 'stocks' de dívida externa líquida, a dívida pública e privada e a alta proporção de créditos em incumprimento constituem vulnerabilidades num contexto de desemprego em queda mas ainda elevado e de baixa produtividade", lê-se no documento.
Também o crescimento é apontado por Bruxelas como um ponto fraco da economia portuguesa, já que "o potencial de crescimento continua aquém no nível anterior à crise" e está a ser penalizado por "obstáculos persistentes" e pela "rigidez nos mercados de produto e do trabalho, juntamente com os enormes desequilíbrios externos".
A balança corrente de Portugal "ainda está abaixo do nível necessário para um ajustamento significativo da dívida externa líquida" e os custos unitários do trabalho "estão a aumentar devido ao fraco crescimento da produtividade e ao aumento dos salários".
A Comissão Europeia indica também que "a dívida privada está a cair" e que a "dívida pública estabilizou-se", mas aponta que isto aconteceu "num contexto em que persiste a necessidade de desalavancar" o endividamento português.
Outro aviso de Bruxelas prende-se com os créditos malparados que pesam nos balanços dos bancos portugueses: "O amplo 'stock' de créditos em incumprimento ainda não se estabilizou e, juntamente com a baixa rentabilidade e as 'almofadas' de capital relativamente magras, colocam riscos aos balanços dos bancos".
Também o mercado de trabalho merece a preocupação da Comissão Europeia, que refere que as condições melhoraram, mas que "o desemprego jovem e de longa duração, bem como a segmentação do mercado, continuam elevados".
O executivo comunitário lamenta ainda que "o momento das reformas tenha enfraquecido desde 2014" e adverte que "persistem lacunas políticas nas áreas do mercado de produto e de serviços, das qualificações e da inovação, da sustentabilidade orçamental, da reestruturação da dívida empresarial e da rigidez do mercado laboral".
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