Este é o segundo ano consecutivo de lucros da CGD, depois de entre 2011 e 2016 os prejuízos acumulados terem superado os 3.800 milhões de euros.

Ainda na sessão de apresentação de resultados do banco público, a CGD disse que reduziu em 646 o número de trabalhadores em Portugal e em 65 o número de agências durante 2018, face a 2017.

Em dezembro de 2017, a CGD tinha 8.321 trabalhadores na sua atividade doméstica, mas o número em dezembro de 2018 tinha descido para 7.675.

Já as agências também registaram uma diminuição, de 587 em dezembro de 2017 para 522 no final de 2018.

Durante o segundo semestre de 2018, não houve nenhuma redução no número de agências da Caixa.

De acordo com o administrador financeiro da CGD, José Brito, a redução de custos com pessoal do banco público foi de 7%, algo “totalmente em linha com os objetivos” do plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia.

Para cortar custos, tal como acordado com Bruxelas, o banco público tinha a missão de fazer sair milhares de trabalhadores e fechar centenas de agências, o que provocou polémica e levou a protestos das populações afetadas. Em resposta, a CGD pôs a circular carrinhas que funcionam como balcão móvel em algumas localidades.

Dos 2.200 trabalhadores que o Governo acordou com a Comissão Europeia que saíssem do banco público até 2020 (isto depois das centenas que já tinham saído nos anos anteriores), saíram já mais metade em 2017 (547), entre reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo. Em 2018 saíram, assim, 646 trabalhadores.

Nas agências, das 180 que tinham de fechar, deverão faltar encerrar cerca de 60. A CGD tinha 522 agências em setembro do ano passado, número que se manteve no final de 2018.

180 milhões de euros para saída de trabalhadores nos próximos dois anos

Paulo Macedo disse que o banco tem 180 milhões de euros para pagar a saída de centenas de trabalhadores em 2019 e 2020.

O presidente executivo da CGD disse que esses 180 milhões de euros visam pagar a trabalhadores que aceitem sair do banco público no âmbito de rescisões por mútuo acordo e pré-reformas.

No âmbito do processo de recapitalização acordada em 2016 com a Comissão Europeia, de quase 5.000 milhões de euros (dos quais 2.500 milhões de injeção direta do Estado), a CGD iniciou um processo de reestruturação que passava também pela saída de 2.200 trabalhadores até 2020 (isto depois das centenas que já tinham saído nos anos anteriores).

O banco iniciou, então, processos de saída por mútuo acordo, contudo, terão de continuar a sair centenas de trabalhadores nos próximos dois anos para cumprir os objetivos acordados com Bruxelas.

A CGD está envolvida numa polémica desde a semana passada devido à divulgação da versão preliminar de uma auditoria à gestão entre 2000 e 2015, datada de dezembro de 2017, que revelou concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco.

Uma nova comissão parlamentar de inquérito à CGD deve agora avançar, depois de o CDS-PP ter negociado com PS, BE e PSD um texto comum de proposta.

O presidente da CGD entregou hoje ao início da tarde, no parlamento, a versão final da auditoria, depois de a Procuradoria-Geral da República não se ter oposto à sua divulgação.

[Última atualização às 21h30 - Inclui informação sobre a redução do número de trabalhadores e de agências]