"Nos últimos dias de março e nos primeiros de abril o PIB [Produto Interno Bruto], a nossa produção, terá caído face ao mesmo período do ano passado números próximos dos 25%. Isto não aconteceu na nossa memória recente nunca em Portugal", disse Mário Centeno em entrevista à Antena 1.
O titular da pasta das Finanças, deverá apresentar o quadro orçamental no âmbito do orçamento suplementar na terça-feira.
"Devemos ter uma diferença, digamos assim, de necessidades de financiamento face àquilo que tínhamos projetado no início do ano para 2020, próxima dos 13 mil milhões de euros. Treze mil milhões de euros para financiar no mercado", disse.
Centeno lembrou que a crise não teve origem no sistema financeiro e, por isso, afastou a adoção de medidas de austeridade.
"Austeridade significa em períodos recessivos cortar despesa ou aumentar impostos. Não vamos fazer isso. Mas não vamos colocar o Estado numa situação débil", afirmou o governante, acrescentando que não está prevista igualmente uma redução de impostos para as empresas.
"Não estamos em condições de erodir a base tributária, senão o Estado não consegue responder", justificou.
O ministro das Finanças considerou ser já visível alguma recuperação da crise, mas mantém que o défice orçamental este ano deve disparar para valores entre os 6% e os 7%.
Em matéria de pensões, Centeno rejeitou eventuais cortes em 2021.
“Não há expetativa de uma implementação de cortes. Nós temos uma lei de bases da Segurança Social que é das mais avançadas da Europa e temos cumprido nos últimos quatro anos. Para 2021 vamos continuar obviamente a cumprir a lei e essa lei não prevê cortes de pensões”, disse o ministro das Finanças.
Sobre a TAP, Centeno disse que o valor máximo do auxílio está a ser negociado com a Comissão Europeia, mas formalmente ainda não foi entregue nenhuma proposta e o montante não está fechado.
Sobre a sua permanência no Governo, questionada em vários momentos da entrevista, Mário Centeno garante que “não há cansaço” ou “dificuldade com algum ministro”.
O Governo apresentou na quinta-feira o Plano de Estabilização Económica e Social, para fazer face aos efeitos da pandemia de covid-19, que inclui medidas como a prorrogação automática do subsídio de desemprego e a atribuição de um abono de família extra.
Em conferência de imprensa depois de uma reunião do Conselho de Ministros, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, o primeiro-ministro, António Costa, apresentou as linhas do programa que vai enquadrar o futuro Orçamento Suplementar, na altura em que o país está em situação de calamidade, desde 03 de maio e até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergências, desde 19 de março.
*Artigo atualizado às 11h31
Comentários