“Pensamos que Mário Centeno teve um papel positivo no controle das contas públicas, mas divergimos frontalmente com ele em relação ao facto de uma boa parte desse controlo financeiro ter sido conseguido à custa do investimento e, em particular, do investimento público, que em nossa opinião é vital para o relançamento da economia”, afirmou o presidente da CCP em declarações à agência Lusa.
Segundo João Vieira Lopes, a expectativa da confederação é que o sucessor de Centeno na pasta das Finanças - o até agora secretário de Estado do Orçamento, João Leão – que “até foi responsável pelo Gabinete de Estudos do Ministério da Economia [entre 2010 e 2014], tenha sensibilidade precisamente para essa necessidade de desenvolvimento da economia, em particular para o papel das empresas”.
“Não o conhecemos o suficiente para fazer um juízo de valor, mas temos ideia que será uma pessoa que terá um alinhamento com as principais ideias que têm sido seguidas na política financeira. Temos expectativas de que, até pelo seu percurso, tenha sensibilidade para a política económica”, sustentou.
Embora admitindo que a saída de Mário Centeno do executivo “era previsível, pelo que se tem passado ao longo dos últimos meses”, a CCP considera que “é sempre um problema complexo haver mudanças no Governo no meio de uma crise como a que se está a viver”.
“Mas já tínhamos tomado isto como um facto adquirido, portanto mais uma semana ou menos uma semana também não haveria grande diferença e, na prática, o Governo e o primeiro-ministro é que são responsáveis pela política global”, sustentou Vieira Lopes.
A confederação diz estar agora “na expectativa, face ao Plano de Estabilização Económica e Social [PEES] que o Governo avançou, de como é que ele vai ser controlado e seguido, sabendo necessariamente que uma parte significativa das opções de política económica vão ser condicionadas pela tipologia dos apoios europeus que o país receber”.
O Presidente da República aceitou hoje a exoneração de Mário Centeno como ministro de Estado e das Finanças, proposta pelo primeiro-ministro, e a sua substituição por João Leão, até agora secretário de Estado do Orçamento.
Segundo uma nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu de António Costa “as propostas de exoneração, a seu pedido, do ministro de Estado e das Finanças, professor doutor Mário Centeno, e de nomeação, em sua substituição, do professor doutor João Leão”.
O Presidente da República "aceitou as propostas", lê-se na mesma nota.
João Leão é doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of technology (MIT) e integrou a equipa económica de António Costa logo em 2015, tendo feito parte do grupo de economistas que preparou o cenário macroeconómico e que acompanhou o programa eleitoral do PS.
Secretário de Estado do Orçamento desde novembro de 2015, João Leão tem sido responsável pela política orçamental dos governos de António Costa.
Fonte do executivo disse à agência Lusa que a substituição de Mário Centeno por João Leão “constitui um garante natural de continuidade dos resultados alcançados pela governação em matéria de finanças públicas”.
De acordo com a mesma fonte, o ainda secretário de Estado do Orçamento possui “um sólido conhecimento da economia portuguesa, tendo liderado o Gabinete de Estudos do Ministério da Economia durante cinco anos, durante a vigência de distintos governos”.
Em conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros que aprovou o orçamento suplementar, ladeado pelo ministro das Finanças cessante e pelo seu sucessor nesta pasta, o primeiro-ministro afirmou compreender e respeitar que Mário Centeno pretenda abandonar o cargo e abrir "um novo ciclo" na sua vida, elogiando a sua capacidade de trabalho e humanismo.
Em relação aos mandatos no executivo por Mário Centeno, o primeiro-ministro apontou também que, “pela primeira vez na democracia portuguesa, para além de ter cumprido integralmente o mandato de quatro anos, ainda preparou o início da atual legislatura e assegurou a aprovação do primeiro orçamento dessa legislatura, tendo ainda estado na preparação do primeiro e único Orçamento Suplementar do conjunto destes anos”.
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