Durante um ‘webinar’ organizado pelo NOVA Cidade — Urban Analytics Lab, a dirigente associativa mostrou-se preocupada com a situação dos estabelecimentos, que não estão a receber apoios com a rapidez necessária e enfrentam uma atividade a 50%, a partir do dia 18 de maio, num contexto de dificuldades financeiras para os consumidores, devido à pandemia de covid-19.

“Tememos que muitas empresas abram portas e decorridos alguns dias não consigam ter atividade para cobrir os custos”, referiu Ana Jacinto, recordando que o setor vai reabrir com “uma capacidade reduzida a 50%” e que muitas das medidas de apoio ainda não chegaram às empresas, que não estão já a conseguir pagar salários, por atrasos, por exemplo, na aprovação do ‘lay-off’.

Além disso, advertiu, muitos negócios “ainda não receberam qualquer apoio”, nomeadamente das linhas de crédito.

“Muitos destes processos que dão entrada na banca não são aprovados e as respostas às microempresas são preocupantes, com ‘spreads’ elevados” e obstáculos nos prazos, bem como o pedido de garantias, referiu.

A dirigente associativa recordou que os estabelecimentos de restauração e hotelaria já têm regras sanitárias muito mais apertadas do que outros setores. “O que pedimos é só que intensifiquem”, por exemplo na desinfeção de zonas sanitárias e utensílios.

Ana Jacinto sublinhou ainda que as moratórias e diferimentos vão começar agora a ser abandonadas e isso implica um aumento de encargos para estes negócios, nomeadamente com as rendas.

“Isto é curto porque o dinheiro não está a chegar às empresas e cerca de 20% acha que não tem condições nenhumas para reabrir”, adiantou, remetendo para dados publicados hoje pela AHRESP.

Um inquérito da associação aponta para que 60% das empresas estimem zero vendas no mês de maio e 27% admitem mesmo avançar para a insolvência, alertou a AHRESP, lembrando que cerca de 70% das empresas assumem que não vão conseguir pagar salários este mês, caso o apoio do ‘lay-off’ não chegue a tempo.

No mesmo ‘webinar’, João Vieira Lopes, Presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) disse que este momento, por muito complicado que seja, pode ser de viragem, com o aumento da digitalização nos estabelecimentos e da importância do comércio de proximidade.

“O comércio alimentar verificou um crescimento generalizado no comércio de proximidade alimentar”, que limita a aglomeração de pessoas e é por isso mais seguro. Além disso, o responsável destacou um “incremento digital” e referiu que “se desta crise dermos um salto qualitativo isso pode ser muito importante”, com o crescimento da digitalização dos negócios.

Por sua vez, Gaspar D’Orey, presidente do ‘marketplace’ Dott.pt deu conta do aumento de empresas na plataforma, que aproveitaram para vender os seus produtos, nomeadamente na área agrícola e alimentar. De acordo com responsável, houve um aumento de 20% nas vendas de empresas na plataforma com a pandemia.

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