Os Açores vão contar com uma estrutura de missão para gerir, administrar e coordenar todas as atividades científicas e técnicas de âmbito aeroespacial. Segundo a resolução publicada hoje em Jornal Oficial, a estrutura de missão, que vai ser liderada pelo engenheiro Luís Santos, visa “potenciar o desenvolvimento de investigação científica que conduza à aquisição de novos conhecimentos, produtos, processos e serviços nos domínios da sua área de intervenção”.

“Promover, participar e coordenar atividades de investigação e desenvolvimento, projetos e programas científicos e tecnológicos nos seus domínios de atuação” é outro dos objetivos da iniciativa, que vai funcionar na dependência do secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Gui Meneses.

A estrutura, designada de EMA-Espaço, pretende, também, “reforçar a colaboração, articulação e promoção entre setores relevantes da economia e da investigação” açorianas e instituições externas, para garantir que o arquipélago acolha “projetos de natureza científica internacional”.

À agência Lusa, Gui Menezes explicou que “no âmbito das reconhecidas potencialidades que a região autónoma tem para o desenvolvimento de atividades de índole aeroespacial, bem como a estratégia que o Governo [açoriano] tem há muito vindo a implementar de dotar a região de infraestruturas que possam suportar este tipo de atividades”, tem-se verificado “um crescente interesse” de várias entidades “em colaborar” nesta área.

Entre essas infraestruturas e projetos que podem trazer “uma vantagem competitiva para o desenvolvimento deste setor aeroespacial” nos Açores está a Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais, que visa o estabelecimento de quatro estações geodésicas fundamentais destinadas à realização de estudos de astronomia, geodesia e geofísica, duas das quais localizadas nas ilhas de Santa Maria e das Flores.

Acresce o observatório de investigação climática na Graciosa, ilha onde está, igualmente, a estação de monitorização e deteção de infrassons, que integra a rede da comissão preparatória da organização do tratado de proibição total de ensaios nucleares. Gui Menezes apontou, também em Santa Maria, a “estação de rastreio de lançadores de satélites da Agência Espacial Europeia”.

Sobre potenciais projetos, o governante exemplificou com o “interesse demonstrado por algumas empresas em montar um porto espacial para o lançamento de microssatélites”, a implementação de um centro de investigação internacional nas áreas das ciências da Atmosfera e Alterações Climáticas, Energia, Espaço e Oceano, o denominado “AIR Center”, ou o envolvimento do Governo Regional com o Executivo nacional no âmbito do programa de apoio à localização e à vigilância no espaço.

“A exigência que estes projetos têm do ponto de vista técnico e alguma complexidade, e, também, a necessidade de envolver outras entidades regionais neste esforço, julgamos que era relevante a necessidade da criação de uma estrutura de missão”, destacou o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, adiantando que o futuro coordenador, Luís Santos, “tem sido a pessoa na região que tem estado mais envolvida nestes assuntos aeroespaciais”.

O mandato da EMA-Espaço termina a 31 de dezembro de 2020.