"A capacidade de financiamento da economia reduziu-se no ano acabado no 3.º trimestre de 2020, passando de 0,9% do PIB no trimestre anterior para um valor aproximadamente nulo", pode ler-se nas Contas Nacionais Trimestrais Por Setor Institucional hoje divulgadas.
Segundo o INE, "o Rendimento Disponível Bruto (RDB) e o PIB nominal diminuíram 0,9% e 1,0% no ano acabado no 3º trimestre de 2020 (-2,8% e -3,3% no trimestre anterior, respetivamente)".
"Estes resultados refletem os efeitos da reabertura progressiva da atividade económica que se seguiu à aplicação de medidas de contenção à propagação da covid-19, com forte impacto económico nos primeiros dois meses do segundo trimestre", aponta o INE.
Para o saldo nulo contribuíram "o saldo negativo dos rendimentos de propriedade com o Resto do Mundo", que se reduziu em 0,2 p.p. do PIB, "com os rendimentos pagos e recebidos a diminuírem 5,0% e 2,2%, respetivamente".
"A diminuição do RDB conjugada com o aumento de 0,3% da despesa de consumo final (que engloba as despesas de consumo final das Famílias e das AP) determinou uma variação de -5,7% da poupança bruta da economia (-3,7% no trimestre anterior). A poupança da economia representou 18,0% do PIB no 3º trimestre de 2020, menos 0,9 p.p. que no trimestre anterior", de acordo com o INE.
Já a Formação Bruta de Capital (FBC) "diminuiu 1,3%, compensando parcialmente a já referida diminuição da poupança, resultando numa redução da capacidade de financiamento para um valor praticamente nulo".
Por outro lado, a necessidade de financiamento (défice) das empresas (sociedades não financeiras) "atingiu 2,2% do PIB no 3.º trimestre de 2020, menos 1,0 p.p. do que no trimestre anterior", e o excedente da banca (sociedades financeiras) "manteve-se em 1,9% do PIB".
Já o setor das Administrações Públicas (AP) "apresentou um saldo negativo de 4,0% do PIB no ano acabado no 3.º trimestre de 2020, que representa um agravamento de 2,1 p.p. relativamente ao trimestre anterior".
As famílias aumentaram o seu excedente em 0,3 pontos percentuais, para "4,3% do PIB no ano acabado no 3.º trimestre de 2020".
O saldo externo de bens e serviços "diminuiu para -1,9% do PIB (-0,9% no trimestre anterior), devido a uma diminuição acentuada das exportações e, em menor grau, das importações (variações de -6,9% e -4,3%, respetivamente)".
"A significativa redução das exportações foi determinada, em grande medida, pela forte diminuição da componente dos serviços, em particular associados às atividades turísticas", de acordo com a nota do INE hoje divulgada.
O INE refere ainda que os custos do trabalho por unidade produzida (CTUP) aumentaram 7,0% nos 12 meses até setembro, o que "que compara com uma taxa de 5,7% no trimestre anterior".
"A aceleração dos CTUP no 3.º trimestre deveu-se ao efeito conjugado do aumento da remuneração média e da descida da produtividade", explica o instituto de estatísticas.
Segundo o INE, "as remunerações pagas pelas empresas no contexto do regime especial de 'lay-off' explicam em grande medida o comportamento dos CTUP".
"Com a adesão a este regime, as empresas continuaram a pagar remunerações aos seus empregados, mesmo nos casos em que não houve prestação efetiva de trabalho, reduzindo deste modo o impacto negativo da diminuição da atividade sobre as remunerações pagas", pode ler-se na nota do INE.
Assim, este regime, juntamente com a redução de trabalhadores por conta de outrem, "determinou o aumento da remuneração média por empregado, em simultâneo com uma redução da produtividade por empregado", sendo que "os custos das empresas com remunerações foram parcialmente compensados pelas AP pela via de subsídios à exploração", não refletidos no cálculo dos CTUP.
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