“O potencial de crescimento [económico] vai cair para zero ou abaixo de zero [contração da economia] em Itália, no Japão, na Grécia, em Portugal e em Espanha a partir do início dos anos 2030, a menos que uma aceleração no crescimento da produtividade compense o impacto negativo da redução das populações”, indica a Moody’s num estudo hoje divulgado.

A agência de ‘rating’ fez uma análise de 12 países mais envelhecidos ou que serão alvo de um envelhecimento mais rápido da população nos próximos 15 anos.

“Concluímos que Portugal é um dos cinco países que enfrentarão graves pressões no crescimento [económico], a menos que o crescimento da produtividade acelere”, indica a Moody’s.

As simulações da agência de notação financeira sugerem que, a partir de meados da década de 2020 em Itália, e do início dos anos 2030 no Japão, na Grécia, em Portugal e em Espanha, “o envelhecimento da população, se isolado de outras medidas que estimulem o crescimento da produtividade ou suportem o crescimento económico, fará com que o crescimento potencial desça para zero ou abaixo de zero”.

“Apesar de as reformas no mercado de trabalho e o investimento tecnológico poderem estimular o crescimento, a compensação total das contribuições negativas relacionadas com o envelhecimento da mão de obra exigiria uma reviravolta sem precedentes no crescimento da produtividade”, indica também a Moody’s.

Segundo Marie Diron, diretora-geral do grupo de risco soberano da Moody's, citada no estudo, “apesar de as implicações nas métricas do crédito soberano se manifestarem apenas lentamente, a menos que os governos possam ajustar e implementar medidas efetivas para mitigar o impacto do envelhecimento da população, as desacelerações acentuadas no crescimento das economias, o crescimento mais lento nos rendimentos e o aumento do peso da dívida penalizarão constantemente os indicadores económicos e orçamentais” dos países.

A agência de notação financeira frisa também, no relatório, que, sem medidas que compensem o impacto do envelhecimento da população, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal, Japão e Grécia irão registar “acentuadas desacelerações no rendimento per capita durante grande parte das décadas de 2020 e 2030”.

“A redução dos rendimentos irá provavelmente restringir ainda mais a capacidade dos governos de mitigar o impacto orçamental do envelhecimento” da população, lê-se no documento.

Segundo a Moody’s, o aumento das pressões nas despesas relacionadas com o envelhecimento da população será mais significativo em meados dos anos 2030 em países que já têm os mais elevados rácios de despesas a este nível em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), nomeadamente Grécia, Itália, Áustria, Japão, Portugal e Espanha.

“Em 2040, a menos que os gastos dos governos com os sistemas de saúde e de pensões sejam significativamente reduzidos ou sejam tomadas medidas de eficiência que os mantenham a baixos custos, aquelas despesas irão corresponder a cerca de um quarto ou mais do PIB nestes seis países”, indica também o relatório.

Em 09 de agosto, a Moody's subiu a perspetiva da dívida pública portuguesa de 'estável' para 'positiva', mas manteve o 'rating' em 'Baa3', um nível acima do 'lixo'.

(Artigo atualizado às 18:48)