A informação foi revelada à Lusa por Isabel Tavares, dirigente do FESETE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, que admite avançar para processo criminal contra a Prisma após consulta do processo de insolvência, por defender que os proprietários dessa empresa do distrito de Aveiro estão a cometer "um cambalacho descarado".

"Estes patrões já têm um historial de irregularidades e o argumento de que o despedimento se deve a problemas relacionados com a pandemia é uma grande aldrabice, porque não lhes faltam encomendas e as trabalhadoras andaram a fazer muitas horas extraordinárias nas últimas semanas", disse a dirigente.

Segundo Isabel Tavares, os trabalhadores da fábrica já se aperceberam, aliás, de "movimentações estranhas" nos últimos tempos.

"Primeiro, a direção começou a tirar de lá algum equipamento e tecidos que estavam parados, e, depois, saiu também o material que estava a ser usado para se trabalhar. Entretanto, na semana passada as empregadas foram mandadas para férias e, quando lá chegaram hoje, levaram com a surpresa de ter à espera a carta de despedimento", referiu.

Quando o sindicato questionou a administração sobre a situação recente da empresa, a resposta foi evasiva. "Disseram que não tinham que nos dar satisfações nenhumas, assim de forma abrupta, e que as funcionárias também não tinham que se meter ao barulho porque só lá estavam para trabalhar e as máquinas não lhes pertenciam. Eram propriedade dos patrões e eles podiam fazer com elas o que bem entendessem", contou Isabel Tavares.

Na unidade que fabrica sobretudo camisas e blusas, "quase tudo para o mercado estrangeiro", não há salários em atraso e o que predomina agora entre os trabalhadores é o sentimento de "revolta", ao aperceberem-se de que a empresa "foi à socapa transferida para a Feira, para os antigos pavilhões da [empresa de calçado] Rohde".

É nesse local, atualmente sob gestão do Centro Empresarial da Feira para acolhimento de empresas de diversos setores, que Isabel Tavares diz estar armazenado já há algumas semanas o equipamento e mobiliário retirado à Prisma Paraíso.

"Nós andámos a verificar e foi para lá que levaram tudo. Estão a preparar-se para começar a produzir lá, sob outro nome", explicou.

A Lusa procurou ouvir a administração da Prisma Paraíso, mas na sua unidade de Oliveira de Azeméis, na vila de Cucujães, ninguém atendeu as chamadas.

No Centro Empresarial da Feira também ainda não foi possível apurar que novas empresas de confeção têxtil se preparam para iniciar atividade no local.

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