“O período de implementação do plano de desconfinamento é um limbo para nós. Não estamos proibidos de trabalhar, mas não temos onde e como trabalhar. Precisamos de apoios que nos permitam ficar à tona da água até que se retome a ‘normalidade’ sem com isso endividar as empresas e aumentar os seus encargos. Exigimos linhas de apoio específicas para o setor, sem juros e sem burocracias”, refere o Movimento Cancelado, num comunicado enviado à agência Lusa.
O Governo aprovou na quinta-feira, em Conselho de Ministros, o "Plano de Desconfinamento", que prevê a reabertura de livrarias, bibliotecas e arquivos, hoje, seguindo-se museus, palácios, galerias e monumentos, em 18 de maio, data que coincide com o Dia Internacional dos Museus.
Segundo este plano, cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos podem abrir em 01 de junho, "com lugares marcados, lotação reduzida e distanciamento físico". Estas decisões serão, no entanto, “reavaliadas a cada 15 dias”.
No comunicado enviado à Lusa, o Movimento Cancelado salienta que se trata de “humanidade e de justiça social” e que o setor precisa “de soluções”.
“As medidas até agora anunciadas são claramente insuficientes para assegurar os compromissos das empresas deste sector”, lê-se na nota.
Além de “linhas de apoio específicas para o sector”, o Movimento Cancelado exige que “todos possam aceder às quantias disponibilizadas com imparcialidade”.
“Exigimos continuar a respirar. Queremos continuar a existir. Somos pessoas que vivem num estado de direito, que cumprem os seus deveres, e que, como tal, têm a expectativa que sejam honrados os princípios do contrato social em todas as suas dimensões”, defendem.
O Movimento Cancelado, criado em março, junta 162 empresas do sector audiovisual – “empresas que vendem soluções de luz, imagem, estruturas, som, técnicos qualificados entre outros, para espetáculos, concertos, conferências, feiras”, entre outras iniciativas.
Na quinta-feira, em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, António Costa, salientou que em espaços fechados será obrigatório o uso de máscara.
Em relação à possibilidade de este ano se realizarem, ou não, os chamados ‘festivais de verão’, referiu que está a ser feita “uma avaliação”: “Oportunamente tomaremos uma decisão pública sobre essa matéria, provavelmente na próxima semana”.
O Governo decretou também a “proibição de eventos ou ajuntamentos com mais de 10 pessoas”, a partir de hoje.
O setor cultural está praticamente encerrado em Portugal desde meados de março, quando foi decretado o estado de emergência para conter a pandemia da Covid-19.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 247 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
Portugal contabiliza 1.063 mortos associados à covid-19 em 25.524 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, hoje divulgado.
O país entrou domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
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