“O abrandamento do crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] e as pressões no investimento de capital poderão tornar a consolidação orçamental mais desafiante nos próximos anos”, lê-se numa nota de análise hoje divulgada pela Fitch sobre a evolução das dívidas soberanas das economias da Europa ocidental.
Segundo a agência de notação – que em junho reafirmou o ‘rating’ [avaliação] de Portugal em ‘BBB’, dois níveis acima de lixo, e manteve uma perspetiva (‘outlook’) ‘estável’ para a evolução da qualidade da dívida — a “política orçamental restritiva” é para manter em Portugal, cuja dívida soberana se mantém numa “firme trajetória descendente”.
“A forte recuperação cíclica e as políticas orçamentais restritivas conduziram a uma significativa melhoria da situação orçamental”, considera a Fitch, destacando “o compromisso do Governo com uma gestão orçamental prudente” nos últimos anos.
Apesar da descida do rácio de crédito malparado para os 13% no primeiro trimestre de 2018, face aos 16,3% do período homólogo, e à melhoria do rácio de cobertura para 52,2% contra os 45,3% do final de 2016, a agência adverte que a dívida do setor privado “continua alta” e “condiciona o potencial de crescimento” da economia.
“O fluxo líquido de empréstimos a particulares foi positivo em 2017 pela primeira vez desde 2011, impulsionado pelo crédito ao consumo e pelo crédito imobiliário. O endividamento das famílias e das empresas (em percentagem do PIB) continua acima dos níveis médios da zona euro”, aponta a Fitch.
De acordo com a agência, “o apetite dos investidores por ativos de alto risco está a aumentar”, mas a Fitch “acredita que os bancos vão ter de registar perdas de imparidade adicionais para ativos problemáticos”.
Numa análise que incluiu ainda considerações sobre as economias italiana, espanhola, grega, cipriota, britânica, francesa, austríaca e finlandesa, a Fitch aponta como principais “riscos” para as economias europeias “a perspetiva de taxas de juro mais altas e de abrandamento económico, que colocarão desafios à dinâmica da dívida nas economias mais endividadas”.
A agência avisa ainda que “a composição do ajustamento fiscal poderá mudar, com os juros e gastos de capital a aumentarem”, e prevê que “a partir de 2018 esforços fiscais adicionais venham a ser necessários em países altamente endividados”.
Finalmente, a Fitch nota que “a crescente incerteza política, face às eleições para o Parlamento Europeu, poderá comprometer a dinâmica de crescimento”.
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