No 'Fiscal Monitor', um documento com as previsões orçamentais para vários países do mundo divulgado hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém as previsões para as contas públicas portuguesas que apresentou em setembro, de um défice de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e no próximo.
A verificar-se esta estimativa do FMI, Portugal terá o quarto pior défice orçamental da zona euro em 2016, atrás apenas de Espanha (com um défice de 4,5% do PIB), da Grécia (3,4%) e de França (3,3%).
No entanto, o FMI projeta que até 2021, último ano do 'Fiscal Monitor', os países que em 2016 têm défices superiores a Portugal melhorem significativamente os seus saldos orçamentais, enquanto Portugal, apresenta uma redução de apenas 0,1 pontos percentuais.
Assim, e de acordo com as estimativas do Fundo, Portugal terá o pior défice orçamental da zona euro, de 2,9% do PIB, em 2021, último ano do horizonte do relatório coordenado pelo antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar, que agora é diretor do departamento de Assuntos Orçamentais do FMI.
Nesse ano, a Eslovénia terá o segundo pior défice orçamental, de 2,8% do PIB, seguida da Grécia, com 2,6%, da Bélgica, com 2,4%. Espanha e França terão saldos negativos de 2,1% e de 1% do PIB, respetivamente, estima o FMI.
Comparando com o conjunto das economias desenvolvidas, a projeção do défice de Portugal está em linha com a média (3%) em 2016, mas bastante acima em 2021 (2%).
De acordo com o 'Fiscal Monitor', Portugal terá também o terceiro pior rácio da dívida pública face ao PIB na zona euro em 2016 (128,4%), apenas atrás de Itália (133,2%) e da Grécia (183,4%).
No entanto, Portugal piora a sua posição até 2021, embora reduza a dívida pública para 125,9% do PIB. No último ano do horizonte, e entre os países da zona euro, a dívida pública portuguesa será a segunda maior, apenas atrás da Grécia (169,2%).
A projeção do FMI para 2016 é baseada no Orçamento do Estado para 2016 (OE2016), "ajustada para refletir a projeção macroeconómica" da equipa do Fundo para este ano, que prevê um crescimento do PIB de 1%. Para os anos seguintes, as projeções assumem um cenário de políticas invariantes, ou seja, assumem apenas as medidas tomadas em 2016.
As estimativas do Fundo são mais pessimistas do que as do Governo que, no Programa de Estabilidade 2016-2020 apresentado em abril, estimava um défice de 2,2% este ano e de 1,4% em 2016 e um excedente de 0,4% do PIB em 2020 (contra um défice de 2,9% do PIB estimado pelo FMI).
No mesmo documento, o executivo liderado por António Costa antecipa que a dívida pública desça para 124,8% do PIB este ano e para 122,3% em 2017, descendo consecutivamente até aos 110,3% em 2020.
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