“Vamos continuar a denunciar até que nos devolvam as nossas poupanças, desta vez viemos dar a conhecer aos presentes neste encontro [Climate Change Leadership Porto Summit 2018] a vigarice a que temos estado submetidos”, disse Jorge Novo, um dos porta-vozes do grupo, em declarações à Lusa.

O grupo concentrou-se na Praça D. João I exibindo cartazes e faixas com mensagem em português e inglês, tendo espalhado pela praça bandeiras negras, mas também de Portugal, dos EUA e da França (respeitando os lesados emigrantes).

Aos presentes no Climate Change Leadership Porto Summit 2018, o grupo de lesados quer dar conta da “burla de informação falsa e contas falsificadas com o intuito de se apoderarem das poupanças e da burla com apropriação das provisões de 1.837 milhões que garantiam as poupanças dos clientes de retalho”.

Em declarações à Lusa, António Silva disse que enviaram uma carta a Barack Obama em que explicam a “burla que estão a fazer, porque nos EUA isto não era possível”. “No fundo, estamos a pedir-lhe ajuda para ver se as entidades ganham um bocadinho de consciência do que andam a fazer”, sublinhou.

Os lesados do Bes/Novo Banco denunciaram também “a violação da Constituição na criação de um fundo que trata de maneira diferente clientes vigarizados da mesma maneira (50% / 75%), e exclui outros só por não concordarem com estas burlas, em violação do princípio constitucional da equidade”.

“Montarem uma armadilha para roubarem esta malta toda, sem olhar a idades, sem olhar a nada, mandaram criar a provisão, o Banco de Portugal e o Novo Banco ficam com essa provisão e o Governo de Portugal dá cobertura”, lamentou António Silva.

Referindo uma resposta do gabinete do primeiro-ministro a uma carta anteriormente enviada, António Silva lamentou que “não tenham dito uma palavra nem sobre a proposta do grupo, que é baseada em facto verídicos, nem sobre as provisões”.

“Porquê?”, questionou este porta-voz do grupo, considerando que “estão todos comprometidos. Parece que passaram uma esponja sobre as provisões”.

E acrescentou: “O cúmulo é termos associações que aceitam tudo isto, em violação dos seus estatutos, e com os advogados a não fazerem um trabalho transparente e a ignorar o que disse a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sabendo que os clientes de retalho estavam protegidos por uma provisão que passou para o Novo Banco”.

“Os lesados pagaram quotas à associação que prometeu defender todos por igual, pensávamos assim que estávamos a ser defendidos por uma equipa negocial, mas ficamos agora a saber que andamos a ser enganados”, disse.

Segundo António Silva, “não houve uma negociação, nem apresentação de propostas e contrapropostas por quaisquer das entidades subscritoras do memorando. Porém, agora muitos lesados estão a ser confrontados para pagamento de 3% do chamado ‘Sucess Fee’ da equipa negocial”.

No mês passado foi pago aos quase 2.000 lesados do papel comercial vendido pelo BES, pelo fundo de recuperação de créditos, a primeira parcela das indemnizações que visam compensar parcialmente as suas perdas.

Contudo, a solução encontrada (entre a associação de lesados, Governo, CMVM, Banco de Portugal) prevê apenas o pagamento de 75% das aplicações até 500 mil euros (com limite de 250 mil euros) e de 50% para valores acima de 500 mil euros.

Contudo, estes lesados continuam a exigir a devolução na totalidade dos montantes que perderam (até porque de início lhes foi dito que o Novo Banco tinha ficado com uma provisão do BES nesse sentido) e já fizeram várias manifestações este ano.

O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

Milhares de pessoas ficaram lesadas devido a investimentos feitos no banco ou a empresas do Grupo Espírito Santo.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação e criou o Novo Banco, que em outubro passado foi vendido em 75% à Lone Star.