Em comunicado, o grupo de Lesados afirma que este protesto visa lembrar as palavras do presidente do partido, Carlos César, proferidas em março de 2015, quando garantiu que “se o PS fosse governo, iriam ressarcir na íntegra os clientes lesados do BES”.
“Em entrevista à RTP, Carlos César defendeu que os reguladores e o poder político têm que assumir responsabilidades”, mas “afinal são Governo há dois anos e as nossas contas continuam sem poder ser movimentadas no Novo Banco, bloqueadas mesmo quando os nossos créditos eram garantidos, ou seja sem razão ética e jurídica”, escrevem em comunicado, assinado por quase centena e meia de pessoas.
Dizem-se “enganados pelos gerentes do BES, pelo Novo Banco, pelo Banco de Portugal (BdP), pelo anterior Governo, presidente da República Cavaco Silva e pelo PS, agora no Governo”.
“Está a preparar-se o ambiente para o nascimento de um ‘fundo de recuperação de créditos’ feito à medida para uma entidade que desconhecemos, que dizem ter apenas 250.000 euros de capital social, mas vai receber do Estado 15 milhões para contratar advogados para litigar contra quem nos burlou” refere o grupo de lesados.
Considera que “este caminho é inaceitável”, nomeadamente por estarem “integralmente garantidos por provisões, que não podem ser destinadas a outro fim que não seja o do pagamento dos nossos créditos garantidos, conforme explanado em diversos documentos e porque o BdP estabeleceu um acordo tácito para não resgatarmos as nossas poupanças, ao assumir que estavam garantidas por provisões”
“As nossas contas estão no Novo Banco, recebemos o extrato todos os meses, tem lá as provisões, nada temos a ver se o Novo Banco usou as nossas provisões para outros fins ou não. Compete ao Novo Banco nos pagar como afirmaram e é o seu dever. Não é o Governo nem os contribuintes, nem um fundo que não conhecemos, que nos tem de pagar”, acrescentam.
A manifestação está marcada para as 11:00, nas imediações da Federação Distrital do PS do Porto, na Rua Santa Isabel, e deverá prolongar-se até às 17:00.
“Queremos o que fraudulentamente nos roubaram, os protestos vão continuar até que nos devolvam na íntegra aquilo que nos extorquiram vergonhosamente dentro de um banco supervisionado pelo BdP e que estava garantido por provisões”, exigem.
O Grupo de Lesados do Novo Banco, Lesados Papel Comercial e Lesados Emigrantes, diz ainda estar a reunir apoios para, oportunamente, realizar um protesto, junto do Parlamento Europeu.
O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), sem licença bancária.
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