"O que se alcançou com a nossa determinação [do PCP] contrasta com os atrasos e as limitações que o Governo tem colocado para entravar a concretização de um conjunto significativo de outras medidas inscritas no Orçamento do Estado" para este ano, disse Jerónimo de Sousa, em Beja.
Ou seja, acrescentou, "o que era automático e o Governo não podia empatar entrou em vigor".
"Em quase tudo o resto é o que se vê: atrasos, desculpas, fingir que faz, mas não faz", precisou o líder do PCP, que falava num encontro de candidatos e ativistas da CDU (PCP/PEV) no distrito de Beja, no âmbito das eleições autárquicas de 26 de setembro.
Segundo Jerónimo de Sousa, devido ao sufrágio, "não faltarão nas próximas semanas o agitar de novas promessas, o acenar dos milhares de milhões, a tentativa do PS de condicionar e chantagear os eleitores com esses investimentos".
"Se há dinheiro, e há, então que se o coloque ao serviço dos problemas dos trabalhadores e do povo, e que se o integre numa estratégia que assegure o desenvolvimento soberano do país", defendeu.
O dirigente pediu que não esse dinheiro não seja usado "como cenoura para transferir novos encargos para cima das autarquias", reduzindo o financiamento e o investimento público que devem ser assegurados pelo Estado.
O líder comunista disse que “são muitos os problemas, novos e acumulados, com que o país se confronta” e que “não se resolvem, porque o PS continua amarrado às opções da política de direita que estão na sua origem”.
“É isso que justifica que o PS continue a não querer garantir os direitos dos trabalhadores, que se oponha à eliminação das normas gravosas do código do trabalho, que continue a assistir aos despedimentos coletivos ou que carimbe sem pestanejar encerramentos de empresas, como a Refinaria de Matosinhos e processos que ameaçam o futuro de outras, como a TAP ou a Groundforce”, lamentou.
Também “não vale a pena o secretário-geral do PS” e primeiro-ministro, António Costa, “vir lamuriar-se sobre a precariedade dos jovens quando é autor de legislação como a do período experimental”, criticou.
“O PS teve toda a oportunidade para encetar uma política alternativa. Não o fez porque são outros os seus compromissos”, acusou.
No seu entender, mesmo quando o PS “foi obrigado a dar passos e resposta a alguns problemas”, perante a intervenção dos comunistas, “fê-lo contrariado”.
O dirigente considerou “inegável o impacto positivo na vida de milhões de portugueses das medidas de aplicação direta inscritas no Orçamento [para este ano] por proposta e iniciativa do PCP e do PEV”.
No plano autárquico, Jerónimo de Sousa prometeu que a CDU vai continuar a responder à atual pandemia “com toda a atenção, mas não perdendo de vista que há vida para lá da covid-19” e que é esse futuro que a coligação que junta o PCP e o PEV está “a construir no trabalho das autarquias”.
“Futuro de confiança – é esta a ideia central que queremos transmitir nestes tempos estranhos, que alguns, a pretexto da epidemia, querem aproveitar para aumentar a exploração e limitar direitos”, frisou.
Segundo o líder do PCP, trata-se de um futuro que a CDU saberá “construir no plano local exercendo as competências que cabem às autarquias”, mas que também “exige que se construa a partir de uma outra política nacional”.
“Um futuro que tem de ser construído denunciando as opções do PS de submissão à União Europeia e aos interesses do grande capital que impedem a resposta aos problemas nacionais, e combatendo os projetos reacionários de PSD, CDS e seus derivados”, vincou.
(Artigo atualizado às 14:34)
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