Segundo comunicado divulgado pelo Governo brasileiro, Lula conversou por telefone com Pedro Sánchez, tendo abordado principalmente a necessidade de acelerar a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, fechado a 28 de junho de 2019, depois de 20 anos de negociações, mas que ainda não foi ratificado.

Lula da Silva e Sánchez concordaram que a presidência simultânea do Brasil no Mercosul [bloco formado também pela Argentina, Paraguai e Uruguai] e da Espanha no Conselho Europeu representam oportunidade para que esse acordo seja finalizado.

“O Presidente Lula [da Silva] recordou que as negociações já levam 22 anos e voltou a criticar as exigências adicionais colocadas pela União Europeia na área ambiental. Ressaltou, nesse sentido, os avanços em prática no país para a transição energética – 80% da matriz energética brasileira é limpa — e que o Brasil tem enfrentado graves efeitos das mudanças climáticas, como a atual seca na Amazónica”, explicou o Governo brasileiro.

Lula da Silva também reafirmou a posição de restringir, no acordo, o acesso a compras governamentais, particularmente em função da necessidade de reindustrialização do Brasil e demais países do bloco sul-americano, e frisou ainda que o Congresso brasileiro acaba de aprovar a entrada da Bolívia no Mercosul.

O Governo brasileiro informou que Sánchez demonstrou “concordância com a necessidade de acelerar a finalização do acordo entre UE e Mercosul” e este se deve basear numa “relação de confiança mútua.”

O governante espanhol também terá salientado a disposição da Comissão Europeia a manter novas conversas de alto nível com vista a concluir o acordo com brevidade.

Na próxima semana a UE e o Mercosul tem uma nova ronda de negociações para destravar o processo de ratificação do acordo, que abrange um universo de 740 milhões de consumidores.

Lula da Silva fez uma visita oficial à Espanha em abril, quando realizou reuniões com o rei Felipe VI e com Sánchez, retomando uma aliança estratégica com o país europeu depois da política isolacionista que marcou a gestão do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

Espanha e Portugal foram os primeiros países europeus que Lula da Silva visitou depois de assumir o poder em janeiro passado.

A parte comercial do acordo – que também se baseia no diálogo político e na cooperação – criará um mercado de cerca de 780 milhões de consumidores quando estiver em vigor.