Referindo-se à agenda da reunião de hoje do fórum dos ministros das Finanças do espaço da moeda única em Bruxelas, Mário Centeno elucidou que um dos tópicos da mesma seria análise sobre o progresso na implementação das reformas e a situação económica da Grécia, elaborado pela Comissão Europeia.
“Não podemos esquecer que ontem [domingo] houve eleições na Grécia, o novo Governo começará hoje mesmo a ser formado e tomará posse entre hoje e amanhã [terça-feira], o que significa que num futuro próximo vamos voltar a esta questão já com o novo Governo”, começou por dizer.
Ao ser instado a pronunciar-se sobre se espera que a Grécia, e nomeadamente o partido conservador Nova Democracia, tenham aprendido com as lições do passado, o presidente do Eurogrupo lembrou que hoje a área do euro funciona de “uma forma muito diferente do que funcionava antes da grande crise de 2007 e 2008 e depois das crises da dívida soberana seguintes”, e que todos os países aprenderam “a importância de ter um processo de política económica, em particular de política orçamental, credível”.
“Foi seguramente a mais traumática de todas as experiências vividas nos últimos anos na Europa, foi o maior conjunto de pacotes de ajuda externa alguma vez desenhados no mundo e na história. É muito importante ter a noção disso e da responsabilidade que isso coloca seguramente no novo Governo grego. Ninguém quer voltar a experienciar o que foram aqueles anos e aqueles dias de ajuda económica”, vincou.
A Grécia, o país europeu mais atingido pela crise económica e financeira, foi o primeiro e último a pedir assistência financeira — e o único “reincidente” –, e a conclusão do seu terceiro programa, em 20 de agosto, assinalou também o fim do ciclo de resgates a países do euro iniciado em 2010, e que abrangeu igualmente Portugal (2011-2014), Irlanda, Espanha e Chipre.
Face às características únicas da (tripla) assistência prestada ao país e às fragilidades que a sua economia ainda revelava, a Grécia foi e será alvo de uma “vigilância pós-programa reforçada”, com missões de três em três meses, para garantir que Atenas prossegue, nesta nova era pós-resgates, uma “política orçamental prudente”.
No domingo, após ser declarado vencedor das eleições antecipadas, com 39,8% dos votos, Kyriakos Mitsotakis assegurou que manterá a promessa de reduzir impostos, atraindo investimento e cortando burocracia para tornar a Grécia mais atrativa para negócios.
O líder do partido conservador Nova Democracia, que no domingo derrotou o partido de esquerda Syriza do até agora primeiro-ministro, Alexis Tsipras (31,5% dos votos), foi hoje investido como primeiro-ministro da Grécia numa cerimónia realizada no palácio presidencial em Atenas.
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