Num comunicado hoje publicado, a Moody's assinala os fatores que levaram a esta subida do 'rating' da dívida soberana de longo prazo, destacando, além das perspetivas de crescimento, a confiança de que a dívida pública "vai reduzir-se nos próximos anos" devido "a um crescimento económico mais forte" e à maior eficácia das medidas orçamentais.

A Moody's assinala a sua "expectativa de que Portugal verá melhorias nas perspetivas de crescimento de longo prazo devido à utilização dos fundos do 'Next Generation EU (NGEU) [através do Programa de Recuperação e Resiliência] e à implementação de reformas estruturais", lembrando que Portugal é, em percentagem do PIB, o sexto maior recetor de fundos do NGEU.

"Olhando para além de 2021, os fundos da 'Próxima Geração UE' (NGEU) darão um importante apoio no crescimento a médio prazo", lê-se na nota hoje divulgada, com a Moody's a esperar taxas de crescimento acima da média da zona euro e das registadas por Portugal antes da pandemia.

A agência norte-americana sublinha que vai ser um "desafio" para Portugal conseguir absorver de "forma eficaz" os fundos do 'Next Generation EU' e ainda os do novo quadro comunitário, mas lembra o "histórico relativamente bom" de Portugal na absorção de fundos, o que "dá confiança de que o Governo vai ser capaz de cumprir o seu plano de investimentos".

"A economia está a experimentar uma recuperação robusta da crise pandémica, apesar de se manterem desafios no setor do turismo", nota a agência de notação financeira, apontando a normalização dos níveis de emprego, o que está a ajudar o consumo, e a recuperação dos mercados exportadores.

Relativamente à evolução da dívida, a Moody's nota que Portugal entrou na crise causada pela pandemia com uma "situação orçamental saudável" e que o impacto orçamental das medidas de controlo e mitigação dos impactos sociais e económicos da covid-19 foram mais reduzidos do que noutros países do sul da Europa, como Espanha, Itália e Grécia.

Neste contexto, refere a nota, "em 2021 a Moody's espera já que o rácio da dívida pública inicie uma tendência de descida" e que esta se mantenha nos anos seguinte.

A agência de 'rating' estima que o rácio da dívida atinja os 127% do PIB em 2021, abaixo dos 133,6% registados em 2020. Além disso, espera que em 2024, o aumento da dívida relacionado com as medidas que tiveram de ser tomadas por causa da pandemia tenha já sido "completamente eliminado".

A perspetiva ('outlook') estável atribuída a Portugal tem em conta, por um lado, a diversificação da economia e a força das instituições, que dão maior capacidade para absorver choques do que outros países no patamar da Baa2, e, por outro, os persistentes desequilíbrios macroeconómico e os níveis elevados de endividamento das empresas.

A classificação agora atribuída a Portugal (Baa2) é a mais elevada desde 2011 e a primeira desde que em 2018 a Moody's retirou o país do 'lixo' ao atribuir-lhe uma classificação de Baa3.

Em março deste ano, a Moody's optou por não se pronunciar sobre a dívida pública portuguesa, mantendo-a com a classificação de Baaa3, um nível acima do 'lixo', com perspetiva positiva.

O 'rating' é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.

Portugal paga menos 3.000 milhões de euros de juros que em 2015 e Governo acredita em novas subidas de 'rating'

O ministro das Finanças, João Leão, espera que a subida do 'rating' de Portugal pela Moody's seja seguida por outras agências e assinala que o país vai pagar, em 2021, menos 3.000 milhões de euros em juros que em 2015.

"Contamos que este seja um primeiro sinal e que agora seja seguido por melhorias de 'rating' da República portuguesa nos próximos tempos", disse João Leão à Lusa em reação à decisão da Moody's de subir a notação do 'rating' de Portugal de Baa3 para Baa2.

Destacando que a subida do 'rating' de Portugal hoje decidida pela Moody's "é um sinal muito positivo da credibilidade do país", João Leão sublinhou o facto de tal acontecer depois do "muito violento" e "muito significativo" impacto da pandemia na economia, considerando ainda "muito importante que o primeiro movimento pós-pandemia seja um movimento de melhoria do 'rating'".

"Esta melhoria do 'rating' ocorre passado um ano e meio depois do início da pandemia, uma fase que teve um forte impacto na economia portuguesa e que levou a um forte aumento da dívida publica, e por isso, neste contexto, esta primeira melhoria do 'rating' depois da pandemia tem um significado muito importante e é um sinal muito positivo", destacou o ministro das Finanças.

João Leão destacou também o reflexo que esta subida tem nas condições de financiamento exemplificando, neste contexto, que em 2021, Portugal vai suportar quase menos 3 mil milhões de euros em juros do que pagou em 2015.

A decisão, referiu, contribuiu para reforçar ainda mais a confiança dos investidores e a credibilidade externa de Portugal, com impacto direto nos custos de financiamento das famílias, das empresas e do Estado.

João Leão sublinhou ainda o facto de a decisão da Moody's, hoje conhecida, apresentar como fatores as perspetivas positivas para o crescimento da economia portuguesa, assente na utilização dos fundos do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e em medidas "sustentáveis e responsáveis.

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