Num relatório para o mercado sobre a situação da CGD, a que a Lusa teve acesso, a Moody’s faz uma análise dos últimos acontecimentos no banco público, nomeadamente a recapitalização feita nos últimos meses (e que devera ser concluída até setembro de 2018 com a última parte da emissão de dívida, reforçando o capital do banco em cerca de 5.000 milhões de euros) e a reestruturação em curso.

A Moody’s destaca que, no âmbito destes planos, a CGD espera aumentar o rácio de capital CET1 para mais de 14% em 2020, o que a agência admite que aconteça nomeadamente devido ao plano de redução de ativos de risco.

Contudo, a agência de notação financeira diz que continua “preocupada com a capacidade de o banco gerar lucros nos próximos meses” e com a pressão que prejuízos “poderão exercer sobre os recém-restaurados rácios de capital”.

A Moody’s diz que para o resto do ano de 2017 não espera grandes alterações na rentabilidade do banco, tendo em conta o “ambiente operacional” em que atua, com o negócio bancário sem grande crescimento e baixas taxas de juro.

A CGD teve prejuízos de 38,6 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, ainda assim uma melhoria face ao prejuízo de 74 milhões de euros entre janeiro e março do ano passado.

Segundo a CGD, o resultado líquido do trimestre foi “impactado por custos não recorrentes de 58 milhões de euros (42,1 milhões de euros líquido de impostos)”, devido ao programa de pré-reformas e rescisões amigáveis que está a implementar, enquanto o “resultado líquido recorrente atingiu 3,5 milhões de euros”.

O presidente executivo do banco, Paulo Macedo, tem admitido que o banco só regresse a resultados positivos em 2018.

Quanto aos ativos de risco da CGD, a Moody’s considera que há melhorias, mas que o nível de crédito em incumprimento ainda compara desfavoravelmente com os pares europeus.

A Moody’s mostra-se, por fim, satisfeita com a capacidade de liquidez da CGD, considerando nomeadamente que o acesso aos mercados foi conseguido após a emissão de dívida no valor de 500 milhões de euros já este ano, e o facto de o rácio de transformação de depósitos em crédito estar nos 88,1% no final de março.