Em resposta à deputada do PAN Inês de Sousa Real, a propósito dos bónus dos gestores do Novo Banco, António Ramalho afirmou que as remunerações são determinadas por uma comissão independente e que atualmente, por imposição da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, enquanto o banco estiver em reestruturação, o seu salário está limitado ao máximo de 10 vezes o salário médio do banco.

Além disso, adiantou, o pagamento da remuneração variável não está autorizado até ao fim do período de reestruturação do banco (final de 2021).

“Por tudo isto, o que estamos a discutir é uma remuneração variável que não foi paga, mas que, no quadro da avaliação que foi feita à execução dos objetivos, foi decidido que devia ser provisionada”, disse o presidente do Novo Banco.

Em maio, na última injeção de capital referente a 2019, o Novo Banco pediu ao Fundo de Resolução 1.037 milhões de euros, mas o fundo transferiu 1.035 milhões de euros. O valor de dois milhões de euros não transferido corresponde aos bónus dos membros do Conselho de Administração Executivo liderado por António Ramalho, a serem pagos no futuro, mas correspondentes a 2019.

Ramalho indicou ainda que, em 2017 e 2018, recebeu "nada mais e nada menos do que 50% da média do que recebem os presidentes dos outros bancos".

"O presidente do Novo Banco não ganha mal, não me estou a queixar, há pessoas com muito mais dificuldades”, acrescentou, mas vincou que, até hoje, é "o presidente do Novo Banco mais mal pago de todos os presidentes do Novo Banco anteriores" até que o processo de reestruturação esteja concluído.

Ramalho disse ainda que os gestores da sua equipa prescindiram da remuneração variável e mostrou os seus recibos de ordenado, indicando que antes de a Lone Star comprar o banco recebia mensalmente 10.175 euros líquidos (recibo de dezembro de 2016), 10.523 euros mensais em 2017 (já com a Lone Star dona de 75% do banco), 11.255 euros mensais em 2018 e 11.145 euros por mês em 2019.

"Se não se importam, embrulho [os recibos] nesta primeira página de jornal que disse que diz que salários da gestão do Novo Banco subiram 75%", afirmou.

António Ramalho esteve hoje à tarde a ser ouvido, durante quatro horas e meia, pelos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças sobre a gestão do Novo Banco, incluindo as vendas de ativos (crédito e imobiliário) que significaram perdas para a instituição.

O gestor declarou que a aceleração da venda de ativos nos últimos anos se deveu a exigências das autoridades europeias (Comissão Europeia e Banco Central Europeu) e que não houve qualquer operação com prejuízos para o Fundo de Resolução sem a autorização deste.

Sobre a flexibilização das metas que o Novo Banco tem de cumprir, Ramalho disse que antes de ir para o parlamento a sua chefe de gabinete lhe transmitiu que a Direção-Geral da Concorrência a contactou a indicar que o banco não tem flexibilidade para alterar o plano negociado.

Sobre a injeção de capital que o banco pedirá este ano ao Fundo de Resolução, António Ramalho não respondeu, remetendo esses dados para quando o ano fechar.

Apenas referente ao primeiro semestre, o Novo Banco estimou a injeção de capital em 176 milhões de euros.

Esta quarta-feira é ouvido na comissão de orçamento e finanças o presidente do Fundo de Resolução, Máximo dos Santos.

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