"Este Orçamento cria ilusões e vive de contradições: devolve rendimentos em suaves prestações até dezembro de 2019, mas piora já, hoje, a vida das pessoas com impostos indiretos injustificados e até agravados", afirmou a deputada Ana Rita Bessa.

No encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), que o CDS-PP votará contra, Ana Rita Bessa acusou os partidos da maioria de esquerda de se terem atropelado uns aos outros durante a discussão na especialidade "para ver quem cravava a bandeira da popularidade, num jogo que se tornou perigosamente populista".

Para o CDS-PP, o OE2018 segue a via do "curto prazo, o caminho mais fácil e, por isso mesmo, o mais enganoso", de um Governo que se intitula "defensor do Estado Social, mas deixa a saúde doentiamente suborçamentada" e em que "o investimento no ensino superior, na ciência e na cultura é pura ficção."

"Não há visão de médio prazo que permita aos cidadãos, empresas e instituições fazer escolhas claras - de consumo, poupança ou de investimento - de acordo com as reais condições do país, e nas quais possam confiar", argumentou.

Ana Rita Bessa defendeu que "o crédito político do PS e o apoio dos seus parceiros está ganho à cabeça com os anúncios", enquanto "as reposições, serão feitas quando convier, até mesmo para além da legislatura".

"Há compras de vozes e votos, a crédito", declarou.

A deputada centrista argumentou que este Orçamento trouxe "a novidade do gradualismo ao discurso político do Governo", mas por "evidente calculismo político" e com o resultado de "navegar à vista", levando "o país para caminhos imprevisíveis".

"É um Governo manietado pelos partidos à esquerda, cativo das suas promessas impreparadas e cativado pelas ilusões que criou", disse.

Ana Rita Bessa lamentou o chumbo das propostas do CDS-PP na especialidade, cerca 90, atribuindo-o ao "quadro negocial e os frágeis equilíbrios que mantêm a solução de governo e que prevalecem sobre os interesses do país".

"Aceitar qualquer proposta que viesse da oposição poria em causa a negociação que o Governo e os três partidos tinham feito", acusou.

Ana Rita Bessa disse que, por outro lado, "ao falharem as justificações sérias para rejeitar as propostas não houve pudor em lançar mão de uma suposta falta de ‘legitimidade moral' do CDS".

"Assim se defende arrogantemente quem convive mal com a crítica, quem apregoa a democracia, mas impõe o totalitarismo", defendeu.

Para a deputada centrista, trata-se de "um somatório de propostas que resulta num conjunto incoerente de responsabilidades diluídas".

"O Governo anunciará sem executar, o Bloco meigamente passará culpas para o Governo, o PCP para o Governo e para o Bloco - porque as autárquicas ainda doem e é preciso fazer prova de vida - e todos bradarão em coro o único e estafado argumento que os une: ‘antes isto que a direita no poder’", afirmou.