Nas previsões económicas hoje divulgadas, a ONU sublinha que a atual crise pôs à vista os problemas do sistema económico mundial e diz que o seu impacto pode fazer-se notar durante anos, sobretudo se não se tomarem as medidas adequadas, de acordo com a agência Efe.
O relatório da ONU apela aos governos a evitar a todo o custo políticas de austeridade e alerta o impacto devastador que a pandemia teve no emprego e no aumento da pobreza e das desigualdades.
A ONU calcula que 131 milhões de pessoas caíram na pobreza em 2020, com as mulheres e meninas a serem especialmente afetadas, enquanto os ricos dos mais ricos viram aumentar as suas fortunas durante a pandemia.
O documento destaca como exemplo o caso dos Estados Unidos, onde quase oito milhões de pessoas perderam o seu emprego durante a crise e a taxa de pobreza passou de 9,3% para os 11,7%.
No entanto, entre março e outubro, a riqueza total de 644 multimilionários aumentou 31,6% e as cinco maiores fortunas multiplicaram o seu património em 66%.
As Nações Unidas advertem ainda que a desigualdade também está a crescer nos países como consequência dos enormes pacotes de estímulo económico dos países mais ricos, que têm uma perspetiva de recuperação muito melhor que os países com menos recursos, que não puderam atuar com a mesma contundência.
Assim, a ONU pede mais medidas de apoio aos países em desenvolvimento, entre elas ações de alívio das dívidas.
Segundo a organização multilateral internacional, os estímulos públicos da economia evitaram que a pandemia origine uma “grande recessão”, ainda que as economias desenvolvidas sejam as que mais sofreram como consequência do impacto do vírus e das medidas para o combater.
Assim, os países mais ricos viram as suas economias a contrair 5,6%, segundo as previsões da ONU, e devem esperar um crescimento de 4% em 2021.
No caso das nações em desenvolvimento, a ONU estima que a contração do ano passado tenha sido de 2,5%, e que com a recuperação de 2021 crescerão 5,6%.
Comentários