“Não vemos problema no pagamento em rublos. Se for aquilo que os russos pretendem, pagaremos em rublos”, declarou o primeiro-ministro, Viktor Orbán, no decurso de uma conferência de imprensa em Budapeste.

Moscovo ameaçou cortar o fornecimento de gás aos países “hostis” que recusem pagar em rublos, uma medida que afetará sobretudo a UE, muito dependente dessa matéria-prima.

A Hungria é o primeiro país a quebrar as fileiras da unidade europeia sobre esta questão, com todos os restantes países a recusarem qualquer pagamento em rublos a Moscovo, que desta forma procura apoiar a sua moeda.

Previamente, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, tinha considerado que a UE não tem qualquer função a desempenhar em relação ao abastecimento de gás ao seu país, já que este é “regido por um contrato bilateral”.

“Não nos parece necessário que a Comissão Europeia pretenda que exista uma resposta comum dos países importadores”, declarou.

O ministro precisou que vai ser adotada “uma solução técnica” para promover a conversão até à primeira obrigação de pagamento ao gigante do gás russo Gazprom, e quando a Hungria é muito dependente dos abastecimentos energéticos russos.

Na terça-feira, a Comissão Europeia propôs aos 27 Estados-membros o endurecimento das sanções contra Moscovo, através da interrupção das suas compras de carvão russo, que representam 45% das importações da UE, e o encerramento dos portos europeus aos navios russos.

No entanto, um eventual embargo ao petróleo russo (25% das compras europeias em petróleo) e ao gás russo (45% das importações de gás da UE) tem sido motivo de acesas discussões entre os Estados-membros.

Além de Budapeste, Berlim e Viena também já manifestaram as suas reticências.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.