"Este Orçamento assenta muitíssimo num aumento de impostos generalizado, sobre uma série de matérias, que passa uma mensagem completamente errada para quem queira poupar ou investir neste país porque reforça uma enorme instabilidade fiscal", disse a antiga ministra das Finanças, que ocupou a pasta até 2015, no anterior governo PSD-CDS.
Para Maria Luís Albuquerque, o executivo socialista de António Costa vai "tirar a muitos", "para dar relativamente pouco a alguns", o que "reforça a injustiça social e as desigualdades".
"No essencial é um OE que mostra que não há uma estratégia para o país, que está focado numa estratégia de curto prazo, na sobrevivência política do Governo e que desistiu até daquilo que dizia que era capaz de fazer, que era fazer crescer a economia", realçou a vice-presidente do PSD, que falava à margem de uma visita à Feira dos Gorazes de Mogadouro.
A antiga responsável pela pasta das Finanças considerou que "o reforço dos impostos indirectos [previsto no OE para 2017] incide sobre todos da mesma forma, sobre a classe média e sobre os mais pobres, e agrava a injustiça social".
"Vemos que mesmo o aumento nas pensões deixa de fora as pensões mais baixas, que como foram atualizadas ao longo dos anos mais difíceis agora parece que não têm direito a mais nada. Diz-se a uma pessoa que tem uma pensão até 275 euros que não tem direito a aumentos extraordinários porque já teve aumentos no passado", criticou.
A vice-presidente do PSD considera que "o maior vício" do OE para 2017 é que "não resolve nenhum problema estrutural [do país]", "não dá nenhum fôlego e nenhuma opção de futuro" e "agrava as desigualdades e a injustiça social".
"Não dá qualquer perspetiva de melhoria. A única coisa que se pode esperar é que um futuro orçamento seja ainda pior do que este, porque continua a apostar num caminho que já demonstrou em 2016 que é errado. Já vimos que isto não é capaz de produzir aumento de riqueza para os portugueses", apontou a dirigente social-democrata.
Maria Luís Albuquerque recordou ainda que o atual governo PS tinha, originalmente, uma previsão de crescimento para 2017 de 3,1 por cento.
"Agora fala-se em menos de metade. E vamos ver se mesmo assim é possível alcançar isso com estas medidas, que não são, de todo, animadoras", sublinhou.
O Governo apresentou na sexta-feira a proposta de Orçamento do Estado de 2017 que prevê um crescimento económico de 1,5%, um défice de 1,6% do PIB, uma inflação de 1,5% e uma taxa de desemprego de 10,3%.
Para este ano, o executivo liderado por António Costa piorou as estimativas, esperando agora um crescimento económico de 1,2% e um défice orçamental de 2,4% do PIB.
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