“A pandemia fez com que nós tivéssemos uma certa paragem na expansão física, isso aí não há dúvida nenhuma”, afirmou Pedro Soares dos Santos, quanto questionado sobre se a entrada na Roménia a curto-prazo, como tinha avançado em fevereiro do ano passado, ficou agora mais longe.
“Do ponto de vista do balanço e da capacidade, a companhia mantém exatamente essa fortaleza, o que a companhia não conseguiu foi terminar, nem ver, nem conseguir fazer os estudos todos ‘in loco’ porque realmente era impossível viajar e a gente não faz nada, não vamos comprar à distância telematicamente”, afirmou o presidente da Jerónimo Martins.
“Sem fazermos a nossa prospeção correta, é preferível adiar”, sublinhou.
Também os planos de entrada da cadeia de saúde e bem-estar polaca Hebe, que estava prevista entrar nos mercados da República Checa e Eslováquia, previstos para o ano passado, foram adiados.
Embora não tenha avançado datas para a retoma dos planos de expansão, nunca deverá acontecer antes de 2022, já que o gestor não prevê “grandes certezas” na evolução da pandemia até lá.
Questionado sobre quando espera que a pandemia alivie, Pedro Soares dos Santos afirmou: “Eu não acredito que ainda em 2021 esteja resolvido minimamente”.
Admitiu que pode haver “um pequeno alívio no quarto trimestre do ano”, mas isso ainda é uma incógnita.
“Nós não sabemos muito bem o que é que estas vacinas vão fazer na nossa vida e como é que a nossa vida vai mudar, se isto é uma vacina tipo gripe, que vamos ter que tomar todos os anos” ou como “é que o índice de infeção vai baixar ou não a transmissão”, prosseguiu Pedro Soares dos Santos.
“Antes de meio de 2022 não vejo grandes certezas, mas vejo grandes incertezas ainda sobre a evolução da situação” da pandemia de covid-19, disse, admitindo que qualquer expansão do grupo não acontecerá antes do próximo ano.
Durante a pandemia, a Jerónimo Martins reforçou a sua relação com os pequenos e médios fornecedores em Portugal, ou seja, as compras aos pequenos fornecedores locais e regionais.
“Houve realmente uma união de esforços e, acima de tudo, houve uma necessidade de nos ajudarmos uns aos outros e houve um sentimento de unidade imediata para que realmente esta indústria não morresse numa altura muito difícil que estamos a passar”, reforço esse em que “ambas as partes se sentiram bem”, disse o gestor.
Relativamente à taxa de segurança alimentar, a Jerónimo Martins mantém a posição de não pagar e lutar até às “últimas instâncias judiciais”.
Pedro Soares dos Santos continua a não estar de acordo com a taxa: “Eu não sei por que é que essa taxa foi criada e o dinheiro está a ser usado em quê”.
A Jerónimo Martins considera tratar-se de “uma taxa discriminatória”, pelo que vai “lutar até a última das últimas instâncias judiciais”, asseverou.
“Se tivermos de pagar no fim, pagamos. Prestámos as garantias todas que a lei portuguesa nos obriga a prestar”, acrescentou, defendendo que é preciso “lutar por aquilo” em que se acredita.
Relativamente ao laboratório para a rastreabilidade do ADN dos alimentos, que resulta de um investimento de 1,1 milhões de euros, este abre as portas na Azambuja em 15 de março e vai trabalhar para as três geografias onde o grupo está presente: Portugal, Polónia e Colômbia. Nesta primeira fase, o laboratório arranca com cinco pessoas.
Também na Azambuja, vai arrancar no final de abril com um ginásio equipado para prevenir doenças profissionais.
Relativamente ao projeto-piloto de produzir salmão nas águas portuguesas, que estava a decorrer em Aveiro, Pedro Soares dos Santos disse que a tecnologia que estavam a adotar para as condições do mar falhou.
Ou seja, o salmão sobrevive em águas portuguesas, mas não se conseguia produzir de forma maciça.
Agora, o projeto foi reiniciado com os parceiros noruegueses, estando a testar novas tecnologias quer nos mares da Noruega, em mares abertos, quer em Portugal, para que o projeto continue.
Sobre a fábrica de massas frescas, a segunda unidade no Porto, que estava prevista para 2020, foi adiada por causa da pandemia.
Também não há data sobre a nova sede da Jerónimo Martins, que ficará na zona Praça de Espanha (Lisboa).
Pedro Soares dos Santos sublinhou a aposta do grupo no segmento agroalimentar.
Recentemente a empresa fez uma parceria para investir em águas marroquinas, no Mediterrâneo, bem como uma parceria para as uvas sem grainha biológicas e outra para as laranjas, em Ferreira do Alentejo, e a próxima aposta passa pelo borrego biológico no Fundão, área que vai arrancar entre este mês e abril.
Quanto a investimento em Portugal, o grupo estima investir entre 100 a 120 milhões de euros este ano.
No decurso da pandemia, a Jerónimo Martins tem feito investimentos fora da sua área de negócio, no âmbito da responsabilidade social, onde entre outros está a oferta de um milhão de euros para o Instituto de Medicina Molecular.
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