“Temos de evitar situações de conflito, de escalada, de medidas que possam levar a contramedidas e essas contramedidas levarão a outras medidas, e assim por diante. É o que chamamos 'efeito dominó'. Podemos estar a ver as primeiras peças do dominó a caírem e isso é muito preocupante”, afirmou Roberto Azevêdo.
Para o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a solução “tem de passar pelo diálogo” entre as partes.
“O que temos de fazer é preservar os canais de diálogo, tentar encontrar soluções, falar, as partes têm de falar. Estamos a tentar ajudar nesse diálogo e isso não é fácil, porque, evidentemente, são decisões políticas muito importantes, muito sensíveis, e não podemos desistir”, sublinhou.
“No momento em que entrarmos nessa escalada, nesse processo de retaliações mútuas, vai ser difícil de reverter esse caminho”, avisou o economista brasileiro.
A decisão unilateral, anunciada pelos Estados Unidos a 08 de março último, de impor taxas de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio relançou o espetro de uma guerra comercial.
Esse risco aumentou quando a Casa Branca anunciou que pretende impor tarifas a importações chinesas que podem atingir os 60 mil milhões de dólares anuais, enquanto Pequim ripostou ameaçando as exportações norte-americanas, nomeadamente no setor da fruta.
Washington anunciou que vai lançar um processo contra a China junto da OMC, acusando Pequim de "infringir os direitos de propriedade intelectual" das suas empresas.
Na origem da tensão comercial entre as duas principais potências comerciais está o colossal défice comercial dos Estados Unidos com a China (375,2 mil milhões de dólares em 2017, segundo as autoridades chinesas).
Já a 23 de março, Roberto Azevêdo advertiu que as novas barreiras aduaneiras põem “em perigo a economia mundial”, quando Pequim e Washington mantêm um braço de ferro comercial.
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