A procura de Obrigações do Tesouro emitidas pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), que vencem a 15 de abril de 2021, excedeu a oferta 1,93 vezes (2,15 vezes no leilão anterior).

Segundo o diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva, Portugal beneficiou da descida de taxas das últimas semanas, dando “mais um passo para baixar o custo médio do financiamento do país”.

Este “é um sinal de que os investidores acreditam na manutenção do ‘rating’ da DBRS”, assinala, acrescentando que “tudo continuará a correr bem” enquanto o Banco Central Europeu (BCE) continuar a comprar a dívida portuguesa.

Também Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB Portugal, considerou a emissão bastante positiva, ao permitir um alívio dos encargos com a dívida.

“Este alívio vem no seguimento de um mercado de renda variável mais estável, já que tivemos esta semana, por exemplo, o DAX [principal índice da bolsa alemã] a fazer novos máximos anuais, com uma política monetária por parte do BCE mais consistente e consolidada a gerar no mercado maior apetite pelos risco e, como consequência, uma maior facilidade em colocar montantes mais elevados de dívida, com melhores 'yields'”, comentou o especialista.

Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey Financial, salientou igualmente que os resultados do leilão onde o IGCP colocou a totalidade da dívida (o montante indicativo estava entre 750 e 1.000 milhões de euros) a uma taxa de juro mais baixa do que a observada em agosto, refletem um alívio na perceção de risco.

“Depois de ultrapassado o fator de risco DBRS, Portugal assegurou a elegibilidade para o programa de compras do BCE, levando assim à redução do prémio de risco”, sublinhou, lembrando, no entanto, que “existem outros desafios para a economia portuguesa, com especial destaque para as expectativas de crescimento modesto, tal como afirma a [agência de ‘rating’] Fitch”.