A descida desta cotação, informal, acontece depois de duas semanas anteriores de consecutivos aumentos, conforme rondas habituais realizadas pela agência Lusa no mercado de rua da capital angolana.
Na segunda quinzena de março, cada dólar chegou a ser vendido pelas ‘kinguilas’ de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, a 340 kwanzas (1,85 euros), mínimos do ano.
Na ronda realizada hoje pela Lusa, foi possível encontrar em Luanda quem vendesse cada dólar entre os 360 e os 370 kwanzas, conforme os bairros da capital, como São Paulo, Maculusso, Mutamba e Mártires de Kifangondo, quando na semana anterior essa cotação chegou aos 380 kwanzas (2,05 euros).
Ainda assim, estes valores contrastam com o pico de 500 kwanzas (2,70 euros) por cada dólar dos primeiros dias de janeiro, no mercado de rua.
Atualmente, mantêm-se as limitações no acesso a divisas nos bancos, inclusive nas contas em moeda estrangeira, situação que torna a venda paralela, para muitos nacionais e estrangeiros, a única forma de aceder a dólares ou euros em Angola.
A taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) cifra-se há mais de um ano em cerca de 166 kwanzas (90 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise provocada pela quebra das receitas com a exportação do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas (55 cêntimos).
A atividade das ‘kinguilas’ foi condenada em abril pelo governador do BNA, advogando o seu fim: “Não podemos ter, no nosso país, determinadas ruas que definem a referência do preço, onde se vendem dólares ou euros. Não podemos ter este nível de fluxo financeiro no mercado informal, que tem um grande impacto sobre o sistema financeiro; não podemos ter o nível de uso de notas que temos estado a ter”, justificou Valter Filipe.
As taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho, face à falta de dólares nos bancos.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.
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