“Vemos como positiva a reunião da PARCA que vai hoje decorrer, mas é essencial que todos os participantes levem propostas positivas e que dessa reunião surjam decisões para salvar a produção de leite”, sustenta a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) em comunicado.
Segundo refere, o encontro “não pode ser mais um episódio de ‘passa culpas’ a ‘sacudir a água do capote’, enquanto os produtores se endividam, adiam pagamentos e podem ser obrigados a reduzir a alimentação dos animais”.
A Aprolep recorda que “os produtores de leite estão há seis meses a suportar aumentos brutais nos custos de alimentação das vacas leiteiras”, num contexto em que já trabalhavam com uma margem “quase nula”, pois recebem “o mesmo preço há mais de 20 anos” e têm suportado “aumentos no custo da energia, da mão de obra e de todos os fatores de produção”.
“Estamos com um preço médio de 30 cêntimos/kg (quilograma) para um custo que estimamos de 35 cêntimos. Um estudo recente do Ministério da Agricultura espanhol confirma esse valor. Por isso, propomos um aumento imediato de cinco cêntimos para cobrir os custos de produção”, avança.
De acordo com a associação, no comunicado em que anunciou a reunião da PARCA, o Ministério da Agricultura “reconheceu ‘as dificuldades que se vêm registando no setor do leite, num contexto de significativo aumento dos custos da alimentação animal'”.
Contudo, “as medidas de apoio imediato anunciadas (linha de crédito e antecipação de uma ajuda já existente) não terão qualquer efeito no rendimento dos agricultores”.
Segundo garantem, nada os vai “distrair do objetivo” de conseguir “um preço justo para o leite produzido, superior aos custos de produção”, sendo que, “se não houver uma resposta imediata e positiva, a luta dos produtores terá de se intensificar e endurecer”.
“Perante o estado de desespero e revolta dos produtores, organizámos uma manifestação no Porto a 26 de fevereiro e, em sucessivos comunicados, alertámos as cooperativas, as indústrias, o poder político e o setor da distribuição para o facto de estarmos há vários meses a vender o leite abaixo do custo de produção, com o pior preço da Europa, e cada vez mais longe”, recorda.
Segundo salienta, os dados mais recentes do Observatório Europeu do Leite” indicam que, em maio, a diferença do preço médio português para a média europeia foram 5,7 cêntimos e, em junho, terão sido seis cêntimos”.
“Em carta aberta de 20 de maio, perguntámos: ‘Estão as empresas de distribuição disponíveis para atualizar com urgência o preço do leite e produtos lácteos aos seus fornecedores?’. Não tivemos qualquer resposta”, lamenta a Aprolep.
Sem resposta, diz, ficou também a “acusação recente feita em comunicado pela ANIL [Associação Nacional Dos Industriais De Laticínios] e FENALAC [Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite], de que ‘a grande distribuição continua sistematicamente a desvalorizar o produto ao praticar as mesmas condições negociais, com a agravante de, recentemente, aumentar a pressão promocional sobre os produtos lácteos'”.
“Pensamos que é tempo de a distribuição afirmar e demonstrar de forma efetiva que defende a produção nacional”, sustentam os produtores de leite.
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