No boletim económico de junho, hoje divulgado, o BdP indica que “os salários reais por trabalhador no setor privado reduzem-se cerca de 1% em 2022, refletindo a subida abrupta da inflação”.
No entanto, para 2023 e 2024 o BdP já estima um crescimento médio dos salários reais de 2%, aproximadamente em linha com o da produtividade.
“Assume-se ao longo do horizonte de projeção uma passagem incompleta dos aumentos de preços aos salários, num contexto em que as expetativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”, justifica o BdP.
O supervisor acrescenta que enquanto o crescimento médio do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) entre 2022 e 2024 é cerca de 3,5%, "os salários nominais por trabalhador no setor privado crescem 1,5% acima da produtividade no mesmo período”, com a atual projeção a incorporar o aumento anunciado do salário mínimo de 6,4% em 2023.
O BdP projeta que a inflação, medida pela variação anual do IHPC, deverá aumentar de 0,9% em 2021 para 5,9% em 2022, antes de cair para 2,7% e 2% em 2024, refletindo, sobretudo, as pressões inflacionistas externas, com impacto direto nos preços dos bens energéticos.
O primeiro-ministro apelou, em 04 de junho, às empresas para que contribuam para um esforço coletivo de aumento dos salários dos portugueses, para que haja “maior justiça” e os salários médios em Portugal possam aumentar 20%.
Segundo António Costa, as empresas têm de ter consciência que deve haver “maior justiça nas políticas remuneratórias que praticam”, sublinhando que, na União Europeia, o peso dos salários no conjunto da riqueza nacional é de 48% e em Portugal é de 45%.
Por seu lado, o presidente da CIP, António Saraiva, afirmou nessa sequência que uma subida dos salários, como pediu o primeiro-ministro, depende de um aumento da produtividade das empresas, sob pena de prejudicar a competitividade das empresas e o seu futuro.
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