“Em todas as ilhas houve enormes crescimentos e a ilha das Flores foi das que mais cresceu em termos de visitas, dormidas e hóspedes. Os crescimentos foram na ordem dos 38% em receitas de hotelaria de janeiro a junho. Tudo isto foi correspondido com uma oferta de qualidade e as Flores é uma das ilhas que tem maiores capacidades de oferta, com cerca de 900 camas instaladas”, descreveu a responsável pela pasta do Turismo do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM).

Numa intervenção no plenário da Assembleia Legislativa Regional, que começou hoje na Horta, a secretária regional alertou que tal “não significa que não tenha de ser feito grande esforço em todas as ilhas para atenuar a sazonalidade”, sendo esse “o grande desafio a partir de agora”.

Berta Cabral falava no âmbito de uma sessão de perguntas ao Governo sobre aquela ilha, agendada pela Iniciativa Liberal, defendendo a intenção de “manter a estratégia de sustentabilidade” e da “aposta de oferta na natureza e de experiências” para o turismo nos Açores.

“Este [combate à sazonalidade] é um trabalho do Governo mas não necessariamente do Governo. É uma estratégia de todos os agentes ligados ao setor e até aos agentes culturais e desportivos de tentar que os eventos se alarguem a épocas mais baixas, para criar valor ao longo de todo o ano”, afirmou.

Quanto a novos empreendimentos turísticos nas Flores, a secretária regional indicou que, nos últimos dois anos, foram aprovados oito, criando “cerca de 168 camas”.

De acordo com Berta Cabral, “o turismo é um setor fundamental para o desenvolvimento dos Açores” e “está a crescer também porque houve oferta de transporte”.

“É preciso oferta para gerar procura e a procura gera mais oferta, entrando num ciclo virtuoso. É preciso estimular esse ciclo virtuoso. Essa é a nossa estratégia para todas as ilhas”, defendeu.

Relativamente à operação de transporte aérea para o verão, a governante disse que foi “muito robusta”, em particular nas Flores.

De janeiro a julho, na rota Ponta Delgada — Flores, houve 184 frequências, mais de 23 mil lugares disponibilizados e uma taxa de ocupação de 77%.

Quanto à rota entre a ilha Terceira e as Flores, foram 94 as frequências, mais de 10 mil os lugares e 73% a taxa de ocupação.

Com a ligação ao Faial, houve 209 frequências, mais de 31 mil lugares, e uma taxa de ocupação de 64%.

Com a tarifa Açores (viagens interilhas a 60 euros para residentes) foram vendidos 6.197 bilhetes, acrescentou.

Questionada pelo deputado do Chega, José Pacheco, sobre o avião cargueiro anunciado para a região, Berta Cabral disse não ser a altura de “avançar com qualquer decisão” sobre o mesmo.

“Com a enorme oferta de transporte aéreo realizado neste período [de época alta] para todas as ilhas, também se oferece mais transporte de carga. Esta é uma realidade que também temos de equacionar. Estamos na fase de estudar como o mercado se está a comportar. Não houve, ao longo deste verão, uma única reclamação, nem por falta de lugares para passageiros, nem por falta de capacidade para carga”, frisou.

Em maio, Berta Cabral revelou no plenário que um dos aviões usado pela companhia açoriana SATA nas viagens entre as várias ilhas dos Açores ia ser transformado em cargueiro no fim do verão.

“Quanto ao transporte de carga aérea, está a ser analisada a solução que me parece a mais plausível após todas as diligências da SATA: a transformação de uma das aeronaves em cargueiro, no fim do verão de 2022”, disse na altura.

Quanto à iluminação noturna do aeródromo das Flores, a governante indicou que o Governo aguarda a “resposta da ANAC [Agência Nacional de Aviação Civil] em termos de homologação”.

“Sem ela não podemos avançar com outros procedimentos”, notou, alertando que “não é o facto de a pista estar certificada que obriga as companhias a voar à noite”.