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Trata-se da primeira vez que uma longa-metragem brasileira é reconhecida nos Goya, e o realizador Walter Salles, através de uma mensagem lida pelo músico uruguaio Jorge Drexler, manifestou gratidão por este prémio "muito especial".
Lembrou, além disso, que a obra é sobre a memória de uma família "durante a longa noite da ditadura militar no Brasil".
O filme relembra a história do ex-deputado Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto pela ditadura brasileira em 1971, e da mulher, a ativista e advogada Eunice Paiva, que teve de retomar sozinha a vida familiar, com os filhos, e que tentou reclamar justiça pela morte do marido, cujo corpo nunca foi encontrado.
Os papéis principais são interpretados por Fernanda Torres e Selton Mello.
Também este sábado, "Emilia Perez", do realizador francês Jacques Audiard, venceu o prémio de melhor filme europeu.
O filme musical conta a história de um líder de um cartel de droga que cumpriu o desejo de fazer a transição para mulher.
A vitória de "Emilia Perez", foi anunciada durante a cerimónia em Granada, mas a votação terminou a 24 de janeiro, poucos dias antes do início da polémica gerada por 'tweets' da protagonista, Karla Sofía Gascón, publicados há anos, alguns com conteúdo racista.
Nessas publicações, divulgadas no final de janeiro por uma jornalista norte-americana, Gascón descreveu o Islão como um "foco de infeção para a humanidade" e ironizou sobre o movimento antirracista após a morte de George Floyd, afro-americano morto pela polícia em 2020.
A imprensa espanhola especulava há algum tempo sobre a possibilidade de Gascón, que teve de cancelar a presença em vários eventos nos Estados Unidos, comparecer na cerimónia dos Goya. Mas a atriz, que vive perto de Madrid, acabou por não se deslocar a Granada.
"Emilia Pérez" bateu o recorde para o filme em língua não inglesa mais nomeado para os Óscares, com 13 indicações, entre as quais para melhor filme, filme internacional, realização, direção de fotografia, atriz principal e atriz secundária.
A longa-metragem, que tem sido um sucesso desde a apresentação na primavera no Festival de Cannes, foi alvo de outra polémica nas últimas semanas, desta vez no México, onde foi criticada por se apropriar de forma ligeira de tragédias ligadas ao tráfico de droga.
Ainda em Granada, "El 47", do espanhol Marcel Barrena, foi o filme que arrecadou o maior número de prémios, num total de cinco Goyas (filme, ator secundário, atriz secundária, direção de produção e efeitos especiais). Partilhou o prémio de melhor filme com "La infiltrada", de Arantxa Echevarría, que valeu ainda a Carolina Yuste o titulo de melhor atriz.
Eduard Fernández, protagonista de 'Marco', realizado por Aitor Arregi e Jon Garaño, levou para casa o prémio de de melhor ator.
"La estralla azul", coprodução espanhola e argentina, com direção de Javier Macipe, venceu as categorias melhor direção estreante e ator revelação. Já a comédia dramática "Casa en llamas", de Dani de la Orden, venceu o melhor argumento original.
"Segundo Premio", de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez, conquistou três Goyas (realização, som e edição).
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Lusa/Fim
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