"As ameaças associadas ao terrorismo na província de Cabo Delgado podem ter implicações negativas nas finanças públicas e intensificar as pressões sobre a balança de pagamentos", escreve numa nota do banco consultada hoje pela Lusa.

Segundo Fáusio Mussá, a situação "também poderá ter implicações a nível da inflação, à medida que o metical [moeda moçambicana] se deprecia".

Não espanta por isso, segundo a análise, que o banco central tenha decidido "manter a sua taxa de juro de política monetária (MIMO), inalterada nos 10,25% para o resto do ano, com o mercado a praticar uma taxa de empréstimos [prime rate] de 15,9%, ainda elevada em termos reais, quando comparada com a inflação homóloga de julho de 2,8%".

A nota acompanha a divulgação do indicador PMI calculado pelo Standard Bank, que caiu ligeiramente em agosto (de 46,2 para 46,1), indicando a "sexta deterioração mensal consecutiva das condições das empresas do setor privado moçambicano".

Tal deve-se também, de forma transversal no mundo, aos efeitos da pandemia de covid-19.

No caso de Moçambique, "num contexto de baixa taxa de mortalidade (0.6%) e de um baixo rácio de infeções comparativamente aos testes efetuados (3.96%), continua a observar-se um relaxamento gradual das medidas de distanciamento social de modo a estabelecer uma 'nova normalidade' e ajudar a reduzir o impacto negativo da pandemia sobre a atividade económica", observa.

Segundo Fáusio Mussá, a contração da economia no segundo trimestre de 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior "reflete o impacto negativo da covid-19 e os desafios de segurança que o país enfrenta".

O Purchasing Managers' Index (PMI) publicado pelo Standard Bank resulta das respostas de diretores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do setor privado.

Valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições para as empresas no mês anterior, enquanto os registos abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.

Moçambique tem um total acumulado de 4.647 casos de infeção pelo novo coronavírus, 2.715 recuperados e 28 mortes.

Cabo Delgado enfrenta desde há três anos ataques de grupos armados que já fizeram mais e mil mortos e 250.000 deslocados.

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