"O desdobramento das forças armadas libanesas é absolutamente essencial para qualquer solução duradoura", disse o chefe do Departamento de Operações de Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, à comunicação social, no final de uma visita de três dias ao Líbano, altura em que também reiterou os apelos a um cessar-fogo.
"Reitero o apelo das Nações Unidas para a cessação das hostilidades", disse o líder dos capacetes azuis, como são conhecidos os operacionais destacados nas forças de paz da organização internacional, também citado num comunicado emitido pela missão de manutenção da paz da ONU no sul do Líbano (UNIFIL).
Lacroix acrescentou que a organização internacional "apoia os esforços diplomáticos" para atingir o cessar-fogo e "a plena aplicação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU", que pôs fim à guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel.
Esta resolução "continua a ser o quadro para o regresso à estabilidade", segundo Lacroix, que nos últimos dias se reuniu com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, com o presidente do parlamento, Nabih Berri, e com o comandante do exército libanês, Joseph Aoun, entre outros altos responsáveis libaneses.
A resolução citada estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz devem ser destacados para a fronteira sul do Líbano, que faz fronteira com o norte de Israel, para atuar como um tampão entre os combatentes do Hezbollah e as forças israelitas.
Apesar de alguns confrontos, desde 2006 este dispositivo tem contribuído para manter a tranquilidade, interrompida em outubro de 2023 por trocas de tiros transfronteiriças, seguidas, um ano mais tarde, de uma guerra aberta entre Israel e o Hezbollah.
A UNIFIL só poderá desempenhar um papel "significativo" se todas as partes "cumprirem plenamente a aplicação da resolução 1701", acrescentou Lacroix.
Em meados de outubro, o primeiro-ministro libanês declarou estar disposto a aumentar o número de efetivos do exército no sul do país, para que possa controlar a região fronteiriça em caso de cessar-fogo com Israel.
"Atualmente, temos 4.500 soldados no sul e queremos aumentar esse número para 7.000 a 11.000", acrescentou.
Desde que Israel iniciou uma incursão terrestre no sul do Líbano, na madrugada de 01 de outubro, as autoridades israelitas têm apelado repetidamente à UNIFIL para abandonar a zona, o que a missão da ONU tem recusado fazer apesar dos múltiplos ataques do exército israelita às suas posições.
Segundo as autoridades libanesas, mais de 3.380 pessoas morreram desde outubro de 2023 quando o Hezbollah abriu uma frente de confronto no sul do Líbano com Israel para apoiar o Hamas palestiniano, envolvido num conflito com as forças israelitas na Faixa de Gaza.
A maioria das vítimas foi morta desde setembro passado, altura em que as forças israelitas intensificaram os ataques em solo libanês.
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