![Corte de financiamento dos EUA compromete programas de saúde em Moçambique](/assets/img/blank.png)
"A retirada brusca desse apoio compromete, como podem imaginar de alguma forma, a eficiência na implementação desses programas (...)O apoio do Governo americano financia uma parte considerável da provisão de profissionais de saúde e sobretudo na área de assistência de HIV/SIDA", disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo moçambicano e ministro da Administração Estatal e Função Pública, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.
Reconhecendo a "gravidade da medida" anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, o governante moçambicano garantiu contudo a continuidade de serviços essenciais de saúde, pedindo que a população não entre em pânico.
O governante disse que a suspensão do financiamento tem também implicações na aquisição e distribuição de medicamentos, e destacou a importância do apoio para manter programas estratégicos e prioritários de saúde em Moçambique, como o combate, entre outras doenças, ao VIH/Sida e tuberculose.
"Quer o armazém central, como os regionais, vão sentir, para os próximos dias, alguma superlotação de medicamentos porque a logística de transporte para estes meios até aos pontos aonde devem ser distribuídos [sofreu] uma rutura", detalhou o ministro, acrescentando que também se coloca em causa o rácio de profissionais de saúde por habitantes.
Segundo o ministro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu um rácio de 45 profissionais de saúde por cada 10 mil habitantes, mas Moçambique tem pouco mais de 18 profissionais para cada 10 mil habitantes.
"Estamos muito distantes e esta suspensão de apoio naturalmente constitui um desafio enorme para alcançarmos esta meta", referiu Inocêncio Impissa.
"O Governo iniciou um diálogo com a representação dos Estados Unidos da América para reverter ou mitigar o cenário da suspensão do financiamento, mas também mobilizar fontes alternativas de financiamento", acrescentou Inocêncio Impissa.
O ministro moçambicano avançou ainda que será necessário definir prioridades e otimizar os recursos existentes no país para minimizar o impacto da suspensão de financiamento sobre os serviços essenciais.
"Precisamos definir prioridades do que é que efetivamente não deve fazer falta durante o período em que esta medida se mantiver, mas também explorar os mecanismos emergenciais de financiamento para garantir a continuidade dos serviços críticos até que uma solução durável e sustentável seja, de facto, encontrada", declarou o porta-voz do executivo moçambicano.
Nos primeiros dias do seu segundo mandato, o Presidente norte-americano, Donald Trump, suspendeu toda a ajuda internacional durante 90 dias, com exceção dos programas humanitários alimentares e da ajuda militar a Israel e ao Egito.
Espera-se que a África subsaariana seja a região mais afetada por esta decisão.
Moçambique, por exemplo, teve atribuídos em 2023 dezenas de milhões de dólares para a programas relacionados com o HIV/SIDA e de emergência alimentar.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, será o novo diretor interino da USAID, que acusou de estar "completamente desprovida de capacidade de resposta", criticando a "insubordinação" naquele organismo.
A USAID -- cuja página eletrónica na Internet desapareceu no sábado sem explicação - tem sido uma das agências federais mais visadas pela nova administração.
Trump, assim como o responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), o empresário Elon Musk, e alguns congressistas republicanos têm criticado a USAID - que supervisiona programas humanitários, de desenvolvimento e de segurança em cerca de 120 países - em termos cada vez mais duros, acusando-a de promover causas progressistas.
LN (MYMM)// ANP
Lusa/Fim
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